Os Maiores Pais da Cultura Pop
- Canal Cultura POP
- 9 de ago.
- 10 min de leitura
A cultura pop é repleta de referências paternas, sendo elas, muitas vezes, um combustível moral para os protagonistas. Para bem ou para o mal, é uma figura que sempre se põe presente no desenvolvimento de grandes personagens. Em celebração a Semana dos Pais, vamos elencar alguns dos melhores pais da ficção, falando de como não só eles se relacionam com seus filhos, mas também, com suas próprias figuras paternas, e como eles moldaram sua própria forma de instruir seus filhos.

Darth Vader

Esse é, sem dúvida, o mais memorável da lista. Anakin não teve figura paterna, uma vez que nasceu do ventre de sua mãe, pela pura vontade da Força, assim como era dito na profecia do Escolhido.
Algumas pessoas tentaram assumir essa função, como Obi Wan, e até mesmo Palpatine. Porém, nenhum deles supriu essa necessidade da forma certa. Anakin sentiu todos que lhe eram familiares se afastarem dele, até enfim tornar-se Darth Vader, quando fechou-se definitivamente para todos esses sentimentos, após perder Padmé, e com ela, imaginou ter também perdido seus filhos.
Porém, anos depois, ele descobre que Luke estava vivo, e do outro lado da Guerra Civil Galáctica. Vader enxergou nele uma esperança, alguém que ao seu lado poderia ser poderoso o suficiente para destronar o Imperador e tirá-lo da serventia à qual vivia. Mas não só isso, o Lorde Sith odiava admitir, mas essa parte de seu antigo eu que ainda vivia, lhe fazia balançar em sua escolha pelas trevas.
Skywalker sentiu esse balanço nele e o explorou para tentar resgatar o lado bom de seu pai, que demorou, mas aflorou no momento derradeiro. Ao invés de entregar seu filho para ser morto por Palpatine, ele abandonou o medo e a apatia, e sacrificou-se para salvar a única pessoa que lhe amou apesar do monstro que era. Anakin rejeitou as trevas por amor a seu filho, mostrando que o laço de amor entre eles era maior que o lado sombrio em seu coração.
Anakin, por muito tempo, pode ter sido um pai terrível, mas, no momento mais importante, ele fez o sacrifício máximo, e simbólico, dando a sua vida para que a de seu filho continuasse.
Outro detalhe sutil, que passa quase despercebido em Retorno de Jedi, mas que é perceptível na romantização do mesmo, é como Vader discretamente tentou impedir Luke de cair para o lado sombrio, mesmo que por apenas um instante. Quando Skywalker tentou matar Palpatine em seu trono, Vader lhe impediu com seu sabre de luz. Para salvar o Imperador? Não. Para não permitir que seu filho cometesse um erro que o levaria para o abismo definitivamente, o mesmo abismo ao qual ele havia caído quando cortou a mão de Mace Windu em Vingança dos Sith.
Esses paralelos visuais dentro da história são justamente o que tornam esse relacionamento tão intrigante. Apesar de conturbado, é um dos emocionalmente mais bem construídos do cinema.
Vader não foi um bom pai durante a maior parte da vida de Luke. Mas foi o pai que seu filho precisava no momento mais decisivo.
Batman

Bruce Wayne sempre teve seu pai como um herói. Thomas Wayne foi um dos nomes mais brilhantes em meio à podridão de Gotham. Thomas, mesmo no alto de seus bilhões, sempre fez tudo ao seu alcance para construir uma cidade melhor para as pessoas mais simples. Pessoalmente, sempre foi uma figura de guardião para Bruce.
Talvez seu momento mais memorável seja sua frase para Bruce, em Batman Begins, de 2005. No momento em questão, ele havia acabado de tirar Bruce de um poço.
- Por que caímos, Bruce? Para aprendermos a nos levantar.
Uma frase simples, mas que ajudou a construir a resiliência que se tornou marca registrada do Batman. Ele pode não ter poderes, mas tem um trunfo: ele nunca desiste.
No entanto, tanto seu pai quanto sua mãe foram mortos diante de seus olhos. Seu mundo desabou, e ele jurou impedir que mais alguém sofresse a mesma dor que ele. Seu pai sempre foi uma de suas motivações para lutar por Gotham.
E quanto à sua relação com seus filhos? Dick Grayson foi o primeiro protegido de Bruce Wayne e também o primeiro Robin. Assim como Wayne, Grayson viu seus pais serem vítimas da criminalidade e, logo cedo, ele perdeu seu mundo. Bruce olhou nos olhos de Dick e viu a si mesmo. Essa é uma característica comum nas relações paternas de Wayne, pois assim também foi com Jason Todd e Tim Drake. Bruce os adota não só para protegê-los, mas para ensiná-los a canalizar a raiva, como ele aprendeu a fazer.
Outro motivo é a própria infantilidade inerente ao Homem Morcego. Após perder seus pais com oito anos, Bruce estagnou, e apenas Batman avançou. Com isso, é muito mais simples para ele relacionar-se com pessoas com a mesma idade mental e na mesma condição.
Já com seu filho de sangue, Damian Wayne, o buraco é mais embaixo. O garoto havia sido criado por sua mãe, Tália Al Gul, e seu avô, Ra´s. Junto à Liga dos Assassinos, o garoto teve sua mente completamente infectada pela ideologia assassina da Liga.
Com o filho sob seus cuidados, Bruce fez o possível para ensiná-lo a verdadeira justiça, apesar das imensas dificuldades.
Na Terra 2, antes da Crise nas Infinitas Terras, Batman possuía mais uma filha, Cassandra Wayne, sua filha com Selina Kyle. Porém, essa relação é pouquíssimo desenvolvida em relação a todas as outras.
Batman é um homem cheio de problemas, especialmente de relacionamento. Para ele, ser uma figura paterna minimamente acolhedora é complicado.
Bruce pode ter fracassado em ser um pai afetuoso, mas para muitos jovens quebrados, ele foi o porto seguro que precisavam para não se perderem de vez.
Kratos

Kratos, por muitos anos, nem ao menos conhecia seu pai. Ele foi criado como um guerreiro espartano, até receber de Zeus a missão de matar Ares, o Deus da Guerra. No processo, ele descobre que o Rei do Olimpo era seu pai, tornando-o então um semideus, assim como Hércules.
Porém, Zeus sempre o usou. Para ele, Kratos nunca foi um filho, somente uma ferramenta. E quando essa ferramenta se tornou perigosa, ele não pestanejou em livrar-se dela.
Depois que o Fantasma de Esperta matou Ares, Zeus tentou eliminá-lo, temendo seu poder. Furioso com essa traição, Kratos escapou do submundo e derrubou o Olimpo, matando o próprio pai. Após esse rastro de destruição, o Espartano deixou a Grécia, viajando para terras nórdicas, em busca de paz.
Lá, ele se casou e teve seu único filho, Atreus. Desde cedo, ele ensinou seu filho a lutar, não para ser um guerreiro como ele, mas para conseguir sobreviver em um mundo perigoso.
Após a morte de sua esposa, ele teve de criar seu filho sozinho. Ele lutou por muito tempo para superar a raiva que havia dominado seu coração por anos, e agora, tinha de fazer o mesmo com seu filho. Ele via nos olhos de Atreus a mesma raiva que havia dentro dele e algo ainda mais perigoso, o senso de superioridade típico dos olimpianos.
Mesmo com seu jeito grosseiro, ele guiou seu filho para não cair nessas armadilhas, conseguindo impedir que ele se tornasse o mesmo monstro que ele um dia foi.
Kratos encheu-se de ódio por anos, mas, graças ao amor de sua mulher e seu filho, ele pôde encontrar equilíbrio. Não mais como um animal sedento por sangue, mas como um guerreiro sábio, ele foi o mentor que seu Atreus precisava. Sendo mais um exemplo de homem redimido pela paternidade.
Rocky Balboa

Rocky é um dos grandes exemplos de perseverança e inspiração dentro do cinema. Um homem forte e determinado, que é capaz de lutar como um verdadeiro animal dentro do ringue, que simplesmente se nega a cair. Mas, mesmo possuindo esse instinto, ele sempre foi um marido e pai exemplar.
Logo em Rocky 2, ele abandona a aposentadoria e aceita a revanche de Apollo Creed, pois sabia que não teria dinheiro para sustentar Adrian e seu filho sem aquela luta. Mesmo correndo risco de ficar cego devido às lesões, ele encarou o desafio.
Quando seu filho nasceu, ele mostrou-se um pai exemplar, sempre presente como um guia em sua vida. Porém, desde cedo, Robert demonstrou que não possuía o mesmo dom que seu pai. Pelo contrário, ele sempre sentiu-se à sombra dele, sempre lembrado como 'filho do Rocky', nunca como Robert.
Foi em Rocky 6, onde essa antiga intriga atingiu seu ápice, onde Robert culpa seu pai por todos os fracassos de sua vida. E é nesse momento, em que Balboa nos dá um dos melhores discursos do cinema:
“Você não vai acreditar nisso, mas você costumava caber bem aqui. (Rocky aponta para a palma de sua própria mão). Eu o segurava bem alto e dizia para sua mãe: ‘Este garoto será o melhor garoto do mundo.' Este garoto um dia será alguém melhor do que qualquer pessoa que eu conheci na minha vida.’ E você cresceu maravilhosamente bem. Foi ótimo te acompanhar, cada dia era um privilégio. Então chegou a hora de você crescer e se tornar o dono de seu próprio nariz, de enfrentar o mundo, e você o fez. Mas, em algum momento ao longo do caminho, você mudou. Você deixou de ser você mesmo. Você deixou que as pessoas colocassem o dedo na sua cara e dissessem que você não é bom o suficiente. E quando as coisas ficaram difíceis, você começou a procurar alguma coisa para culpar, como uma grande sombra (Rocky refere-se a si mesmo).
Deixe-me dizer algo para você que você já sabe: O mundo não é feito apenas de sol e arco-íris. É um lugar mau e desagradável, e não importa o quão durão você seja, ele vai te bater até que esteja de joelhos e vai te manter assim permanentemente se você permitir. Nem você, eu ou ninguém vai bater tão forte quanto a vida. Mas a questão não é o quão forte você bate, mas sim o quanto você aguenta apanhar e continuar seguindo em frente. O quanto você resiste e continua seguindo adiante. É assim que se vence uma luta!
Se você sabe o seu valor, então vá à luta e conquiste o que é seu! Mas você precisa estar disposto a receber os golpes, e não ficar apontando dedos e dizendo que não está onde quer por causa dele, ou dela, ou de qualquer pessoa! Covardes fazem isso, e você não é um deles! Você é melhor do que isso!”
Rocky então conclui:
“Eu sempre o amarei, não importa o que aconteça. Você é meu filho e você é o meu sangue. Você é a melhor coisa da minha vida. Mas até que você comece a acreditar em si mesmo, você não terá uma vida.”
Aqui, Rocky convida seu filho a ver o mundo como ele mesmo vê. Ele oferece a Robert a sabedoria que não recebeu na sua idade, e que agora ele tem condições de explicá-la, sem que ele precise passar pelas mesmas dificuldades.
Rocky foi um pai não só para seu próprio filho, como também para Adonis Creed, filho de Apollo Creed. Além de treiná-lo, ele instruiu o jovem em como preparar sua mente para todas as consequências da vida que iria levar.
Balboa é um pai amoroso e conselheiro, que mesmo em sua simplicidade, tem sabedoria de sobra concedida por sua vida, e está sempre disposta a dá-la a seus filhos.
Marlim

Marlim é o protagonista de Procurando Nemo, de 2003, e possui um dos arcos mais interessantes da lista. Até onde a superproteção da vida pode privar alguém dela?
Marlim tinha uma esposa e uma ninhada com dezenas de filhotes. Tudo corria bem, até uma barracuda devorar sua esposa e quase todos os seus ovos, deixando apenas um.
Marlim prendeu suas esperanças naquele único filho, de uma centena que havia perdido. Quando Nemo nasceu, Marlim tentou blindá-lo de tudo, protegendo-o do mundo. Obviamente, Nemo queria liberdade, algo que Marlim temia que pudesse levá-lo a ter o mesmo destino que todos os outros.
Porém, nem todos os seus esforços puderam proteger seu filho do mundo, e quando ele foi capturado por um mergulhador, Marlim teve que cruzar o oceano ao lado de Dory para resgatá-lo. Enquanto Nemo faz novas amizades no Aquário em Sidney, seu pai passa por chuvas e tempestades ao lado de Dory, conhecendo inclusive outros pais e filhos, com quem aprende.
Ao fim da trama, quando eles se reencontram, pai e filho estão renovados. Nemo entende os receios de seu pai, enquanto Marlim entende que não pode isolar seu filho em um vidro imaginário.
A animação da Pixar é muito mais que uma aventura infantil, é uma lição sobre superproteção e independência.
Gómez Addams

A Família Addams foi concebida por Charles Addams em 1930, aparecendo pela primeira vez em charges do jornal ´´The New Yorker´´. Ele desejava referenciar uma família tradicional americana, porém, de maneira irônica.
Esse conceito foi sendo aprimorado ao longo das versões da Família, até atingir a perfeição em 1991, em seu primeiro filme.
Lá, Raul Júlia interpreta Gomez Addams, pai da família, e retratado superficialmente como um idiota completo. Mas será que é só isso?
Logo de início, já percebemos seu imenso amor pela família. Ele ama e protege seus filhos, sendo um pai extremamente presente. Ele lê para seus filhos, brinca com eles e os defende dos perigos.
Ainda assim, não abre mão de sua esposa, assim como ela não abre dele. Mesmo com as pressões da construção de uma família, eles fazem questão constantemente de lembrar um ao outro como se amam. A química gótica e teatral entre eles forja um dos casais mais incríveis do cinema.
E o que falar de seu irmão? Gomez e Funério se separaram ainda na adolescência, devido ao ciúme de Gomez pela vida amorosa de seu irmão. E então, ele ficou furioso e amargurado com seu irmão? De forma alguma!
Ele passou décadas lamentando sua perda e culpando-se por isso. Quando ele enfim retorna, Gomez pede perdão a ele e faz de tudo para que ele se readapte à sua antiga vida.
Mesmo tendo nascido para ser uma caricatura de um pai de família tradicional, talvez ele seja tão bom quanto o estereótipo que deveria submeter.
Gomez é um homem apaixonado por sua família, tudo que um pai deveria ser. Mesmo sendo tratado como piada, ele leva muitíssimo a sério o que muitos deixam de lado, e que muitas vezes, é o mais importante.
Tio Ben

Mais um exemplo de pai escolhido pelo coração. Peter perdeu seus pais ainda na infância, e assim, foi criado por seus tios, Ben e May Parker.
Eles sempre foram como pais para Peter, e isso é retratado em todas as mídias do herói, dos quadrinhos até o cinema.
Ben desde o princípio, ensinou a seu sobrinho os preceitos de humildade, responsabilidade e empatia pelos outros, algo que se tornou marca registrada do Homem Aranha em sua carreira heroica.
Porém, seu momento mais importante, foi quando Parker recém havia descoberto seus poderes, e arrogantemente vinha lhes usando a benefício próprio. Ao perceber que seu filho estava mudando, Ben soltou a célebre frase: Com grandes poderes, vem grandes responsabilidades.
Porém, ele precisou morrer, pelas mãos de um criminoso que Parker deixou escapar por desinteresse, para que essa lição enfim entrasse na cabeça do Amigão da Vizinhança.
Desde então, ele embarcou em sua cruzada contra o crime. Ele jamais admitiria que alguém sofresse, enquanto ele pudesse impedir com seus dons. Seus poderes não eram mais dele, eram de todos que precisassem deles.
Essa motivação tornou-se tão poderosa que, mesmo quando a vida dupla começa a destruir o mundo de Peter com notas baixas, tia doente, namoradas e amizades se esvaindo, ele simplesmente permanece, pois é incapaz de se esquecer de quando sua indiferença custou a vida de alguém que ele amava.
Pode-se dizer que, sem Ben, não teríamos o Homem-Aranha. Sem os ideais nobres dados ao herói por seu tio, ele poderia até mesmo se tornar um vilão, algo claro nas primeiras HQS. Sempre que a situação apertava, ele pensava em roubar dinheiro para ajudar sua tia, ou para bater nos garotos que o perseguiam, mas as lições de seu tio o frearam.
Bom, esses foram os melhores pais da cultura pop. Se gostou, curta e compartilhe, para que possamos trazer sequências para esse quadro!
Excelente!!!!
Bom
Tio Ben é ídolo, não tem como.
Que lista massa.
Show demais, o melhor da lista é o Ben!