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Ainda Estou Aqui Merece o Oscar?

Foto do escritor: Canal Cultura POPCanal Cultura POP

26 anos após ´´Central do Brasil´´, o cinema nacional enxerga a possibilidade de erguer a maior premiação do cinema mundial, o Oscar, com ´´Ainda Estou Aqui´´, protagonizado por Selton Melo e Fernanda Torres, retratando o período da Ditadura Militar Brasileira (1964-1985).

A obra de Walter Salles, baseada no livro do autor Marcelo Rubens Paiva, obteve imensa aprovação dos críticos dentro e fora do Brasil, e a atuação de Fernanda Torres, rendeu a ela o Globo de Ouro de Melhor Atriz. Mas, enfim, será que a produção brasileira é digna do Oscar? Ou será que é uma pretensão inalcançável ao cinema brasileiro.

 

(Ainda Estou Aqui Merece o Oscar?)

O Enredo

Ambientado em 1971, o filme acompanha a dinâmica da família Paiva. Rubens Paiva (Selton Mello), patriarca e ex-deputado federal, torna-se alvo dos militares devido ao seu envolvimento com movimentos anti-regime.

Sua prisão e morte ocorrem após militares à paisana invadirem sua casa, manterem sua família em cativeiro e levá-lo para um "interrogatório". A partir desse evento, desenrola-se o conflito central da trama. Posteriormente, sua esposa, Eunice (Fernanda Torres), e sua filha, Eliana Paiva (Luiza Kosovski), são presas e interrogadas pelos militares, passando por momentos aterrorizantes no DOI-Codi durante 12 dias.

Após sua libertação, Eunice precisa lidar com seus traumas enquanto busca incessantemente pelo marido, recusando-se a aceitar sua morte. Ela tenta demonstrar força para seus cinco filhos, mas por vezes sucumbe à dor da perda de Rubens e dos abusos que sofreu.

Ao final da trama, a família carioca muda-se para São Paulo, onde tenta reconstruir a vida, conformando-se com a morte de Rubens. Em seguida, há dois saltos temporais: o primeiro, em 1996, onze anos após o fim do regime, quando Eunice finalmente obtém o atestado de óbito de seu marido – um símbolo do fim das mentiras e do ocultamento promovido pela ditadura. O segundo salto ocorre em 2014, agora com Eunice interpretada por Fernanda Montenegro (mãe de Fernanda Torres), onde a Comissão Nacional da Verdade revela detalhes sobre a morte de Rubens Paiva. No entanto, os responsáveis jamais são punidos, deixando um tom de injustiça no ar.

 

E Como é o Filme?

Como filme político, Ainda Estou Aqui cumpre bem seu papel, transmitindo uma atmosfera constante de tensão e medo sempre que os militares estão em cena. A fidelidade ao livro de Marcelo Rubens Paiva é notável, trazendo uma narrativa detalhada e impactante.

O elenco brilha, com destaque para Fernanda Torres, que entrega uma atuação magistral, transmitindo toda a dor e resiliência de Eunice. A transição para Fernanda Montenegro no ato final acrescenta ainda mais peso dramático à história.

No entanto, alguns problemas surgem. O início é lento e apresenta a dinâmica familiar de maneira superficial, quase como uma propaganda idealizada, o que compromete a construção emocional entre Rubens, sua esposa e filhos. Um pouco mais de naturalidade nesses momentos tornaria a tragédia ainda mais impactante.

Após o cativeiro, a trama desacelera, focando em questões que, embora relevantes, poderiam dar espaço para um aprofundamento maior sobre as guerrilhas e a violência da época. Explorar esses aspectos permitiria uma visão mais ampla do período, indo além do sofrimento individual da família Paiva.

No geral, Ainda Estou Aqui é um filme forte e necessário, mas não chega a ser uma obra-prima. Sua narrativa, apesar de poderosa, tem problemas de ritmo e poderia aprofundar melhor certos aspectos históricos.

 

O filme disputa prêmios contra grandes produções internacionais, mas sua execução não é tão impecável quanto a de concorrentes como Duna: Parte Dois, Conclave e Brutalista. Embora a comparação com Duna 2 seja injusta devido à diferença de orçamento (1,35 milhão de dólares contra 190 milhões), a obra de Denis Villeneuve se destaca por sua narrativa dinâmica e envolvente, algo que Ainda Estou Aqui não alcança completamente.

Entre todas as categorias, a de Melhor Atriz para Fernanda Torres parece ser a mais justa. Sua performance é intensa e já foi reconhecida com o Globo de Ouro. No entanto, o número de indicações para Emilia Pérez, um filme amplamente criticado, levanta questionamentos sobre os critérios da premiação. O Oscar tem se tornado cada vez mais político, o que pode influenciar os resultados deste ano.



4 Comments


Duna 2 é superior!

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Janea Chaves
Janea Chaves
Mar 03

E agora? Não assisti aos outros, mas o filme é bom e a Fernanda é ótima!

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Parabéns Cultura Pop por observações e analise crítica bem relevantes e construtivas!!! Super concordo 👏🏼👏🏼👏🏼🤗

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