UMA MÚSICA, UM SENTIMENTO
- Canal Cultura POP
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Atualizado: há 2 dias
A música tem o dom de penetrar nas camadas mais íntimas da mente humana. Ela pode nos fazer sorrir, chorar, pensar ou relaxar. Seja pela letra, seja pelo ritmo, seja até mesmo pelo momento em que escutamos, existem músicas capazes de despertar sentimentos específicos em quem as escuta, e serão sobre elas que falaremos hoje!

Felicidade- Stayin’ Alive (Bee Gees)
"Stayin' Alive" é uma música do Bee Gees, lançada em 1977 como parte da trilha sonora do filme Saturday Night Fever. A canção é um ícone da disco music e captura a luta pela sobrevivência em meio a desafios, tanto pessoais quanto sociais.
A letra fala sobre a resiliência e a determinação, com um ritmo cativante que se tornou emblemático da era disco. Com seu famoso riff de guitarra e a inconfundível voz de Barry Gibb, "Stayin' Alive" se tornou um hino de empoderamento e celebração da vida. A música não apenas impulsionou a popularidade do Bee Gees, mas também ajudou a definir a cultura da discoteca nos anos 70, permanecendo relevante até hoje.
O ritmo dançante em 104 BPM e a batida disco em compasso 4/4 estimulam movimento, o que está ligado à liberação de endorfina. Pesquisas em psicologia da música mostram que músicas com andamento rápido e tonalidade maior são mais associadas à alegria, o que explica por que a faixa ainda hoje é um hino de pista de dança.
Coragem- Eye of The Tiger (Survivor)
Música da banda Survivor, carrega consigo uma história interessante. Rocky III, de Sylvester Stallone, queria a música Another Ones Bites the Dust, do Queen, como música tema. Mas, a banda britânica não liberou.
Assim, os olhos de Sylvester se voltaram para a não tão conhecida banda estadunidense, que havia criado a música ´´Eye of The Tiger´´, que casava perfeitamente com a proposta do filme. O tom de perseverança e firmeza, combinam com o arco de Rocky, que após ser derrotado por Cluber Langue, entra em uma espiral de desconfiança quanto a si mesmo, e graças a seu ex-inimigo, Apollo Creed, recupera sua confiança.
O riff inicial de guitarra é construído em intervalos ascendentes, criando sensação de avanço e superação. O andamento é marcado (~109 BPM), parecido com uma marcha, reforçando o ritmo de luta.
Estudos de psicologia da música mostram que padrões rítmicos regulares e acordes maiores estão associados a sentimentos de força e confiança. Culturalmente, a música foi eternizada no filme Rocky III (1982), se tornando um hino de motivação pessoal e resistência.
Esperança- Don´t Stop Belivin (Journey)
O maior sucesso da banda Journey, e um hino atemporal. A música narra uma história comum de um garoto e uma garota, enfrentando as dificuldades da vida, e em seu refrão, reforça a necessidade de persistir diante das adversidades dela.
Esse sucesso tinha tudo para ser mais uma música motivacional qualquer, mas, a voz de Steve Perry e o instrumental, amplificam sua mensagem, até que ela toque profundamente no coração de qualquer um que a escute. Não atoa, a mensagem atravessou gerações, e apenas no Youtube, a música acumula mais de 400 milhões de visualizações.
A progressão harmônica é em tom maior, com refrão repetitivo e crescente, gerando uma “tensão positiva” que culmina no clímax. Além disso, a letra fala diretamente sobre não desistir, reforçando a mensagem de otimismo.
Comprovação: Neurocientistas da McGill University (2011) observaram que músicas com crescendo gradual (como essa) estimulam a liberação de dopamina, ligada à expectativa prazerosa. Não à toa, a faixa virou um símbolo de perseverança, reintroduzida a novas gerações via Glee e outros marcos culturais.
Nostalgia- Dancing Queen (ABBA)
"Dancing Queen" é uma daquelas músicas que todo mundo conhece, mesmo que não saiba o nome do artista. Lançada em 1976 pelo ABBA, o grupo sueco que bombou nos anos 70, a canção captura a essência da disco era e é uma verdadeira celebração da juventude e da dança.
A letra fala sobre uma garota que vai a uma pista de dança, cheia de expectativa e energia. Ela se sente livre e incrível, e a música retrata esse momento mágico de descobrir a vida e a diversão. É aquela sensação de estar no lugar certo, na hora certa, e se deixar levar pela música.
O som é super envolvente, com um arranjo de piano que gruda na cabeça e um ritmo que faz você querer dançar instantaneamente. A combinação das vozes do ABBA, com harmonias super cativantes, dá um toque especial, tornando a faixa um verdadeiro hino da festa.
Apesar de ser uma música animada, ela fala sobre juventude e liberdade em um tom agridoce, lembrando ao ouvinte que aqueles momentos passam. A melodia suave em tonalidade maior, combinada com arranjos de cordas e piano, cria um brilho que remete diretamente ao clima dos anos 70.
A faixa está estruturada em um andamento de 100 BPM, dançante mas não acelerado, o que facilita a sensação de leveza e lembrança. Psicólogos da música observam que canções que combinam alegria com letras sobre o tempo (juventude, memórias) ativam sentimentos nostálgicos. Culturalmente, Dancing Queen virou símbolo de uma era, quando toca, é quase impossível não ser transportado para outra época, mesmo por quem não viveu os anos 70.
Reflexão- Hallelujah (Leonard Cohen / Jeff Buckley)
Lançada por Leonard Cohen em 1984, Hallelujah passou quase despercebida no início, mas ganhou nova vida com a interpretação de Jeff Buckley em 1994, no álbum Grace. A canção mistura referências bíblicas e sentimentos humanos, oscilando entre espiritualidade e desejo. Ao longo dos anos, se transformou em um hino universal de reflexão, com centenas de versões de Rufus Wainwright a k.d. lang. Hoje, é considerada uma das composições mais icônicas da música contemporânea.
Estudos de musicologia mostram que harmonias repetitivas e lentas em andamento moderado evocam estados meditativos. Culturalmente, a versão de Jeff Buckley, com arranjo minimalista e voz emotiva, consolidou a faixa como uma das mais associadas à espiritualidade e à introspecção.
Tristeza- Someone Like You (Adele)
Lançada em 2011 no álbum 21, a canção se tornou um marco na carreira de Adele. Escrita em parceria com Dan Wilson, fala sobre a dor de ver um amor seguir em frente. O arranjo minimalista, apenas voz e piano, destacou ainda mais a potência emocional da intérprete. Someone Like You rapidamente conquistou o mundo, liderando paradas e rendendo apresentações memoráveis, como no BRIT Awards 2011, onde Adele emocionou plateias e consolidou seu status como uma das maiores vozes da sua geração.
Pesquisas em psicologia da música apontam que canções em tom menor e com intervalos descendentes ativam emoções ligadas à tristeza. Além disso, muitos ouvintes relatam a experiência de “tristeza prazerosa” ou catarse ao ouvir essa faixa, algo confirmado em estudos sobre músicas melancólicas.
Amor- Something (Beatles)
Composta por George Harrison e lançada em 1969 no álbum Abbey Road, Something foi o primeiro grande sucesso do guitarrista como compositor principal dentro da banda. A canção conquistou críticos e colegas — Frank Sinatra a descreveu como “a maior canção de amor de todos os tempos”. Harrison a escreveu inspirado em sua esposa Pattie Boyd, e ela rapidamente se tornou um clássico romântico, sendo uma das músicas dos Beatles mais regravadas na história.
Musicólogos apontam que o uso de intervalos curtos e estáveis (em vez de saltos bruscos) transmite segurança e ternura. Frank Sinatra chegou a chamar a canção de “a maior música de amor já escrita”, consolidando seu status cultural de hino romântico.
Paz- Clair de Lune (Claude Debussy)
Parte da Suite Bergamasque, escrita por Debussy em 1890 e revisada em 1905, Clair de Lune (“Luz do Luar”) é uma das obras mais conhecidas do impressionismo musical. Inspirada no poema homônimo de Paul Verlaine, a peça traduz em música a atmosfera etérea e melancólica do luar. Sua delicadeza pianística atravessou gerações, sendo usada em filmes, séries e até videogames, consolidando-se como uma das composições mais evocativas e atemporais da música clássica.
Estudos de terapia musical indicam que composições impressionistas, com harmonias difusas e andamento lento, reduzem níveis de estresse e frequência cardíaca. Não à toa, Clair de Lune é usada amplamente em contextos de relaxamento e meditação.