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Romário (O Cara): Crítica

Romário foi sem dúvida, um dos maiores personagens da história não só do futebol, mas da cultura pop brasileira, ao lado de nomes como Pelé, Senna e Ronaldo. Na série ´´Romário: O Cara´´ produzida pela Max, nos é apresentado a história do craque desde seu início de carreira até seu auge, na conquista da Copa do Mundo de 1994, onde escreveu para sempre seu nome na história do futebol, narrando seus melhores e piores momentos, ao longo de suas passagens por Vasco, PSV e Barcelona. Então, sem mais delongas, bora falar um pouco dessa ótima produção.

 

O Salvador do Futebol Brasileiro

Dividida em seis episódios de cerca de 45 minutos, a série apresenta alguns dos momentos mais marcantes do início até o auge da carreira do atacante brasileiro, tanto dentro de campo quanto fora dele. Essa maior amplitude é essencial para compreendermos a grandiosidade de Romário, pois, desde Pelé (que foi responsável por iniciar esse costume), nenhum jogador foi elevado ao nível de “popstar” como o Baixinho. As pessoas e a mídia o acompanhavam não apenas por sua genialidade dentro de campo, mas também por suas polêmicas e sua vida noturna, que se tornaram características do futebol brasileiro nos anos 1990.

Um ponto alto da produção é a participação de vários nomes lendários do futebol que fizeram parte da trajetória de Romário, como Bebeto, Roberto Dinamite, Cafu, Ronaldo Nazário e até mesmo Roberto Baggio. Além disso, a trama apresenta diversos jogos históricos do craque brasileiro, com destaque para seu hat-trick no El Clásico , quando o Dream Team do Barcelona aplicou um sonoro 5x0 no Real Madrid.

A série também retrata sua infância difícil, marcada pela extrema pobreza que assolava boa parte do país nas décadas de 1970 e 1980, e como, com a ajuda de seu pai, Dvair Faria, conseguiu manter vivo seu sonho de ser jogador. Ele foi descoberto pelo Olaria em 1985, a única vez que o aceitou apesar de sua baixa estatura, e, após um desempenho digno de características, recebeu sua oportunidade no Vasco naquele mesmo ano.

Após três anos no Vasco, Romário bateu para o PSV, onde continuou fazendo história, quebrando recordes e marcando gols. No Barcelona, ​​manteve o ritmo e mostrou que, para ele, não importava a dificuldade: ele SEMPRE resolveu.

Mas, é claro, nem tudo eram flores. Seu descompromisso com treinos e responsabilidades tanto no PSV quanto no Barcelona, ​​ao mesmo tempo que o define como o personagem icônico que é, também fechou portas que puderam tê-lo levado ainda mais alto no panteão dos maiores da história. Sua própria malandragem impediu que alcançasse um patamar ainda maior.

A vida pessoal do atleta também foi explorada, mostrando como, em muitos casos, o estrelato e o "endeusamento" o levaram a cometer erros, especialmente no que se refere ao seu casamento. Uma série aborda o tema com a leveza possível, incluindo relatos de sua ex-esposa, Mônica, que, apesar dos problemas do passado, demonstra admiração pelo atleta e pelo homem Romário.

Porém, o ponto alto não poderia ser outro senão sua trajetória com a seleção brasileira. O Brasil era uma seleção desacreditada, reflexo de um país recém-saído de duas décadas de regime militar, imerso em uma crise política e social sem precedentes. O futebol, grande paixão do povo brasileiro, já não traz alegria. Assim como Pelé fez em 1958 ao revelar o Brasil para o mundo, Romário reencontrou essa identidade, mais precisamente na Copa América de 1989. Nessa campanha, ele brilhou, marcando na vitória contra a Argentina de Diego Maradona (após aplicar uma caneta no craque argentino ) e garantindo o título ao Brasil com um gol contra o Uruguai, encerrando um jejum de décadas sem conquistas sul-americanas.

Nem só de glórias foi sua trajetória. Na Copa do Mundo de 1990, Romário teve participação nula, barrado por Müller. Seu temperamento o manteve longe da seleção até a última rodada das Eliminatórias, quando o povo clamou por sua convocação. Parreira atendeu ao apelo popular, e Romário respondeu à altura, marcando dois gols contra o Uruguai, naquele que é considerado o melhor jogo de sua carreira. Esse momento foi o primeiro passo rumo ao tetracampeonato mundial.

O desenrolar da Copa de 1994 todos conhecemos. Romário assumiu a responsabilidade de trazer o título tão desejado pelo desesperado povo brasileiro. Jogo após jogo, com gols e assistências, cumpriu sua promessa, protagonizando momentos lendários, como seus gols contra Holanda e Suécia, e até mesmo suas falhas, como o gol perdido contra a Itália na final, que poderia ter posto tudo a perder. Mas, como em quase tudo na vida do atleta, parecia que o destino conspirava a seu favor. No mesmo jogo, ele se redimiu ao converter seu pênalti na disputa e ajudou o Brasil a erguer o tetra, que simbolizou não apenas uma conquista esportiva, mas um grito de esperança de um país em reconstrução. O título também ajudou a cicatrizar a ferida da morte do grande herói brasileiro, Ayrton Senna, e agora, nas figuras de Bebeto, Taffarel e, especialmente, Romário, o Brasil encontrou um novo motivo para sorrir. O torcedor, sem dúvida, é a parte mais linda da produção.

O vislumbre de suas conquistas e sua idolatria junto ao povo às vezes parece distante da realidade de um ser humano comum. Isso é algo frequente quando falamos de jogadores de futebol, ícones que, apesar de homens comuns, parecem grandiosos e distantes das pessoas. No entanto, a série e o próprio Romário trabalha para desconstruir esse paradigma. Os episódios mostram momentos de medo e dúvida em sua vida, seja antes de um grande jogo ou em situações de extrema tensão, como o sequestro de seu pai e o nascimento de seu filho.

Já pelo lado do atleta, Romário sempre esteve entre as pessoas – seja nas baladas, seja no futvôlei, jogando entre crianças –, humanizando o “personagem” marrento que criou ao longo dos anos.

Por fim, só resta dizer que se trata de uma produção impressionante e emocionante, que narra com maestria a trajetória do maior jogador brasileiro pós-Pelé (pelo menos em termos de mídia e grandeza), desde suas origens até seu apogeu, erguendo a taça da Copa do Mundo. Fico no aguardo de uma segunda temporada, abordando seu retorno ao Brasil, sua passagem pelo Flamengo e as polêmicas não convocações nas duas Copas do Mundo seguintes. Até o momento, a nota é 10!

Nota: 10




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