Os 10 Melhores Filmes dos Anos 1960
- Canal Cultura POP
- há 2 dias
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A década de 1960 representou uma grande inovação na história do cinema, com a consolidação do sistema colorido, e o surgimento de filmes inovadores, que moldariam as três maiores décadas da história do cinema (1970, 1980 e 1990). Continuando a nossa série, onde já exploramos as décadas de 1950 e 1980, agora conheceremos os anos 1960, de Psicose até Dr. Fantástico. Sem mais delongas, vamos começar!

(Os 10 Melhores Filmes dos Anos 1960)
Psicose (1960)

Um dos melhores filmes de suspense da história e pai do terror das duas décadas seguintes. Psicose, de 1960, carrega consigo uma imensa carga nostálgica, sendo eternamente lembrado por cenas memoráveis, como o ataque no chuveiro e desmascaramento de Norman, mas a grandiosidade da obra vai muito além de seus pontos mais marcantes.
Anthony Perkins, ator que deu vida ao icônico vilão Norman Bates, tinha status de galã em Hollywood, mas, para dar vida ao papel que lhe marcaria para sempre, praticamente abriu mão desse status, pois o terror era considerado um gênero sujo, de segunda categoria, e jamais um ator daquele calibre poderia estar em uma obra desse tipo, porém, eles não sabiam o nível da obra que estava sendo desenvolvida pelo brilhante Alfred Hitchcock.
Psicose acompanha a jovem Marion Crane, que passava por dificuldades financeiras, assim como seu namorado, Sam Loomis. Em um ato desesperado, ela rouba um cliente de sua firma, levando consigo sua mala, com mais de 40 mil dólares.
Marion foge pela estrada, sendo parada por um policial que suspeita dela, mas acaba a deixando passar. Ao longo da fuga, Crane fica tensa, quase pensando em voltar e admitir o crime, mas algo muda em seu rosto, uma espécie de maldade toma conta dela, pondo um sorriso em seu rosto, a adrenalina do crime estava tomando conta dela, impedindo qualquer arrependimento, mas mal ela sabia que aquilo iria custar caro demais, muito mais que míseros 40 mil.
Marion se abriga em um humilde motel de beira de estrada, coordenado pelo jovem solitário Norman Bates. Bates convida a jovem para jantar e se mostra muito estranho, especialmente em relação à sua mãe, tendo uma espécie de dependência dela. Naquela mesma noite, Marion é esfaqueada por uma figura misteriosa no chuveiro de seu quarto, tendo todos os seus vestígios apagados por Norman. Essa cena é fantástica, pois demonstra uma cena violenta de maneira que não mostra nem os ferimentos, nem a nudez, mas que ainda assim consegue ser tensa, e esconde bem a identidade do assassino, que fica subentendido ser a mãe de Bates.
Enquanto isso, Lyla Crane (irmã de Marion) e Sam saem em sua procura, assim como Arbogast, um detetive particular. O detetive chega ao Bates Motel e é morto por Norman. Apenas no fim da trama, Sam e Lyla descobrem os crimes de Bates, que se vestia como sua própria mãe para cometer os crimes, tendo uma espécie de dupla personalidade, e quando sua mãe assumia, ela destruía qualquer um que cruzasse seu caminho, especialmente mulheres, que poderiam levar seu filho para o mal caminho.
A trama é sensacional, a direção é brilhante, e as atuações são simplesmente ótimas, especialmente a de Anthony Perkins como Norman Bates. Mas, algo que vai além de todas essas qualidades, é a trilha sonora espetacular composta por Bernard Hermann, que marcou a história do cinema.
Noviça Rebelde

Um dos musicais mais lindos de todos os tempos, A Noviça Rebelde de 1965, dirigido por Robert Wise, arrecadou mais de 286 milhões de dólares, a contraponto dos 8,2 milhões de dólares investidos em sua produção.
A protagonista é a beata Maria, que deixa seu convento para se tornar governanta de uma casa com sete crianças, filhas de um militar rabugento chamado George. Com seu bom humor e vivacidade, a noviça traz alegria para as crianças, e até mesmo para George, especialmente através da música.
A obra é divertida, nostálgica e alegre, sendo até hoje um dos melhores clássicos musicais de todos os tempos.
Mais do que um sucesso de bilheteira, A Noviça Rebelde é um dos musicais mais emblemáticos de todos os tempos. Ambientado na Áustria pré-Segunda Guerra Mundial, o filme combina canções inesquecíveis, cenários exuberantes e uma narrativa emocionalmente envolvente. Julie Andrews entrega uma performance magnética como Maria, e a direção de Robert Wise equilibra com precisão o romance, a comédia e o drama histórico. Em uma década marcada por mudanças, A Noviça Rebelde oferece um contraponto luminoso — sem abrir mão da densidade temática.
Uma Odisseia no Espaço

Provocador, filosófico e visualmente revolucionário, 2001 é uma das obras mais ambiciosas já realizadas. Em colaboração com Arthur C. Clarke, Kubrick entregou uma experiência audiovisual que extrapola o cinema e toca o metafísico. Sem se prender à narrativa tradicional, o filme propõe reflexões profundas sobre tecnologia, existência e transcendência. Seus efeitos visuais inovadores, a montagem rítmica e o uso de música clássica no lugar de trilha original transformaram o sci-fi em arte pura.
Um nome pouco citado, mas que talvez seja o mais genial por trás desse sucesso, é Douglas Trumbull, Supervisor de Efeitos Especiais, algo que sem dúvida é o ponto alto da produção. Kubrick o escolheu por seu trabalho impecável no documentário ´´To The Moon Beyond´´, sendo responsável pela sequência do portal psicodélico. Além de 2001, Douglas também atuou em grandes filmes como Blade Runner e Contatos Imediatos de Terceiro Grau, pelos quais recebeu o Oscar.
O sucesso estrondoso do filme pode ser sintetizado na resenha do redator Charles Champlin (quase Charles Chaplin kkkk), do Los Angeles Times, que disse: ´´O filme pelo qual os fãs de ficção científica de todas as idades e todos os cantos do mundo imploravam (ás vezes sem esperança), que fosse realizado um dia.
A Noite dos Mortos Vivos

O filme primordial de zumbi, dirigido pelo pai do gênero, George Romero, que trouxe os principais elementos que permeiam esse subgênero, o andar lento, as roupas rasgadas e feridas, o conceito de grupo de sobreviventes, tudo que seria desenvolvido ao longo dos anos, nasceu aqui, em 1968.
A trama acompanha Barbara, que, após ver seu irmão ser morto por um homem bizarro em um cemitério, passa a ser perseguida por uma legião de homens e mulheres zumbificados, sedentos por carne humana, e deformados.
Ela se abriga em uma casa com outros sobreviventes, cada um com uma característica distinta. Temos Ben, que é agressivo e deseja permanecer no primeiro andar da casa, para que, caso ela seja invadida, fosse possível escapar, e Harry, um pai que se esconde com sua família e sugere que eles se abriguem no porão, onde seria mais difícil para os zumbis lhes alcançarem. O filme traz situações tensas, onde nos sentimos na pele dos personagens, em meio àquela tensão, que vai além dos zumbis, com as próprias pessoas, tomadas pelo medo, tornando-se ameaças.
O orçamento de 125 mil dólares e as diversas críticas de setores mais conservadores da sociedade estadunidense, que taxavam o filme como ´´subversivo em vários níveis´´, poderiam ser uma receita para o desastre. Porém, a década de 1960 foi marcada por diversas mudanças sociais, com o rompimento com valores tradicionais, passando por críticas ao capitalismo e resistência à Guerra do Vietnã, o que fez com que muitos espectadores fossem ao cinema e vissem a genialidade por trás daquele despretensioso filme de terror, lhe rendendo mais de 30 milhões de dólares de bilheteria, rendendo quatro continuações, com a última sendo lançada em 2008.
Mais do que um marco do terror, A Noite dos Mortos-Vivos é um espelho sombrio da sociedade americana da época, e um lembrete eterno de que os verdadeiros monstros muitas vezes estão dentro de casa.
Era Vez no Oeste

Obra-prima absoluta do western spaghetti, Era Uma Vez no Oeste representa o auge da carreira de Sergio Leone. Abandonando o humor sarcástico da Trilogia dos Dólares, Leone entrega aqui um épico poético, melancólico e grandioso sobre o fim do Velho Oeste e o nascimento da modernidade.
A trilha sonora de Ennio Morricone é praticamente um personagem à parte, com temas específicos para cada protagonista. No elenco, Charles Bronson vive o enigmático Harmonica, enquanto Henry Fonda, numa virada chocante, interpreta Frank, um vilão cruel e implacável. Claudia Cardinale dá vida a Jill, uma das personagens femininas mais fortes do gênero, e Jason Robards completa o quarteto como o fora da lei Cheyenne.
Com seus lendários planos fechados, longos silêncios e uma direção de tensão cirúrgica, Leone transforma cada cena em uma pintura. Mais do que um faroeste, é uma reflexão sobre ganância, vingança e o custo do progresso. Um dos maiores filmes já feitos, dentro e fora do gênero.
Dr. Fantástico

Em 1963, Stanley Kubrick decidiu fazer um filme de Guerra Fria, o grande conflito ideológico da história moderna, que vivia seu auge na década de 60, mas, da forma mais sarcástica e irônica possível, uma grande sátira ao jogo de poder entre as duas potências.
O mundo temia uma guerra atômica entre soviéticos e estadunidenses, e Stanley explorou esses temores, com metáforas divertidas, como a frase: 'Cavalheiros, não podem brigar aqui, esse é o salão de guerra?' ´´.
O filme é permeado por metáforas sexuais, misturando o tesão masculino com o uso de armas e bombas, especialmente em torno do General Buck, vivido por George Scott, e o dito Dr. Fantástico, que possui uma mão mecânica que não consegue se segurar ao ter a possibilidade de utilizar armas e causar mortes, uma metáfora à ereção.
O filme faz as críticas mais óbvias, como a forma com a qual os governantes e generais apostavam a vida de milhões como meras estatísticas.
Em 2005, Frederic Raphael, do The Guardian, descreveu o clássico como um 'Quase Documentário', tendo em vista a precisão de sua crítica.
Dr. Fantástico recebeu 4 indicações ao Oscar e venceu 4 Baftas, inclusive de Melhor Filme Britânico. Ele foi considerado o 15º melhor filme de todos os tempos pelo site TopTenReviews Movies, 98% no Rotten Tomatoes e uma bilheteira de 9,6 milhões de dólares, para um investimento de 1,8 milhão na produção, sendo um sucesso de bilheteira.
Lawrence na Arábia

Lawrence da Arábia, dirigido por David Lean, é uma das maiores obras-primas da história do cinema. O filme conta a fascinante e controversa história de T.E. Lawrence, um oficial britânico que, durante a Primeira Guerra Mundial, uniu diversas tribos árabes em uma campanha contra o Império Otomano.
Com uma fotografia deslumbrante que eternizou as vastas paisagens do deserto, uma trilha sonora inesquecível de Maurice Jarre e atuações marcantes, especialmente de Peter O’Toole no papel de Lawrence, o filme transcende o gênero épico para explorar temas como identidade, ambição, vaidade e os limites da própria humanidade.
Mais do que uma simples aventura militar, Lawrence da Arábia é um mergulho profundo no conflito interno de seu protagonista, dividido entre sua origem britânica e sua admiração pela cultura árabe. A grandiosidade do filme não está apenas nas batalhas, mas nos silêncios do deserto e nos dilemas morais que acompanham a jornada do personagem.
Vencedor de 7 Oscars, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor, o longa permanece, até hoje, como referência estética e narrativa no cinema mundial.
Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas

Dirigido por Arthur Penn, Bonnie e Clyde surgiu em uma nova leva do cinema estadunidense, com grandes produções fracassando, e novos diretores recebendo oportunidades, e mais do que isso, liberdade criativa para seus projetos.
O longa de Penn é baseado na história real do casal criminoso Clyde Barrow e Bonnie Parker, culpados por diversos assaltos e assassinatos entre 1932 e 1934. Essa violência é bem demonstrada pelo longa, ao mesmo tempo que uma certa ingenuidade por parte dos protagonistas, que não apresentados como simples criminosos, algo que inovou completamente a forma de fazer filmes de crime.
O filme também aborda o papel da mídia, que por muitas vezes glamouriza os criminosos, chegando a culpa-los por crimes que não cometeram, apenas para exaltar sua fama.
Warren Beatty (Clyde) e Faye Dunaway (Bonnie), tem uma ótima química e dinâmica, sendo ponto alto do filme.
A obra é exaltada até os dias de hoje, e não é para menos, recebendo 8 indicações ao Oscar, faturando o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante, com Estelle Parsons.
Mogli, O Menino Lobo

O melhor filme da Disney na década de 1960. Lançado em 1967, Mogli: O Menino Lobo ou The Jungle Book, é baseado na obra literária de Rudyard Kipling. Aqui, acompanhamos Mogli, que após ter seus pais mortos, acaba sendo adotado por uma matilha de lobos, que lhe criam como um dos seus. Ele cresce em meio aos lobos, enxergando-os como sua família, e a selva, como seu lar. Porém, Shere Khan, um enorme tigre que odeia humanos, volta à selva e força Baguera (A Pantera) a levar o menino de volta para seu povo.
A partir daí, ambos embarcam em diversas aventuras, com Mogli chegando a conhecer Balu, um imenso urso pardo, extremamente preguiçoso, com quem canta a música que foi indicada ao Oscar de Melhor Canção Original daquele ano, "Somente o Necessário".
Ao fim da trama, Mogli vence Shere Khan, usando seu medo de fogo contra ele, usando uma tocha para queimar sua cauda.
A animação é brilhante, divertida e dinâmica, simbolizando perfeitamente a Era de Ouro da Disney. Nas bilheteiras, o filme fez história, batendo 205 milhões de dólares em todo o mundo, sendo um dos filmes mais rentáveis da história da Disney, rendendo continuações e uma versão em Live-Action.
Os Pássaros

Dirigido por Alfred Hitchcock, Os Pássaros é um clássico do suspense que transformou algo cotidiano, aves, em uma fonte aterrorizante de medo e tensão. O filme acompanha Melanie Daniels (Tippi Hedren), uma jovem da alta sociedade que viaja até uma pequena cidade costeira para visitar um interesse amoroso. O que começa como um romance leve rapidamente se transforma em pesadelo quando bandos de pássaros começam a atacar, sem qualquer explicação aparente.
Hitchcock cria uma atmosfera de inquietação crescente, usando o silêncio, os sons estridentes dos pássaros e uma montagem precisa para provocar desconforto no espectador. Ao contrário de outros filmes de terror da época, Os Pássaros não oferece respostas fáceis nem vilões convencionais, apostando no medo do desconhecido e no caos imprevisível da natureza.
Mais do que um filme de terror, é uma obra que reflete sobre a fragilidade da civilização diante das forças da natureza. Seu final aberto e sua construção de tensão influenciaram gerações de cineastas e garantiram ao filme um lugar definitivo na história do cinema.
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