Vilão ou babaca?
Na cultura pop, existem diversos personagens muitíssimo detestáveis, mas que ficamos em dúvida: eles são vilões ou apenas extremamente babacas? Qual o limite entre uma pessoa desagradável e um vilão? É isso que iremos discutir hoje!
HARRY POTTERTERROR
Rafael
12/22/202514 min read
Draco Malfoy


Esse talvez seja o caso mais clássico! Draco é membro de uma das famílias mais elitistas e preconceituosas da comunidade bruxa britânica, que historicamente cultivavam uma aversão absoluta aos trouxas e mestiços (chamados por eles de "Sangues Ruins").
Seu pai, Lúcio Malfoy, não só era um dos maiores defensores dessa visão deturpada como ainda era um dos Comensais da Morte mais próximos a Lorde Voldemort, cometendo diversos crimes durante a Primeira e Segunda Guerra Bruxa.
Assim sendo, Draco herdou todos esses problemas, tornando-se um jovem extremamente arrogante e preconceituoso, como podemos ver em diversos momentos:
Humilha Rony e seus irmãos em diversas ocasiões, devido à sua situação financeira. Quem não se lembra da frase de Pedra Filosofal "Livros usados, vestes de segunda mão, só pode ser um Weasley" Aqui, o garoto repete os mesmos preconceitos cultivados por anos por sua família, tendo em vista que Lúcio diz uma frase muito semelhante a Arthur Weasley em Câmara Secreta.
Demonstra imenso desprezo por mestiços e nascidos trouxas, como é o caso de Hermione, a qual ele ofende pela primeira vez em Câmara Secreta, chamando-a de sangue ruim. Novamente, Malfoy repete preconceitos incrustados na elite do mundo mágico, em uma ofensa baixa e covardia, que leva o trio a pensar que ele poderia ser o herdeiro de Sonserina, responsável pelos ataques do Basilisco (felizmente, estavam errados).
Ri dos ataques a nascidos trouxas em Hogwarts, acreditando que não passava de uma "limpeza". Aqui, pode-se imaginar que Malfoy é totalmente insensível, não se importando com a morte de seus próprios colegas e professores, mas, como veremos mais adiante, isso não é uma verdade absoluta.
Atuou ao lado de Umbridge, chefiando a "Brigada Inquisitorial", responsável por dissolver a Armada de Dumbledore e quase prender o diretor (ao qual ele sempre demonstrou desprezo, especialmente por influência de seu pai).
Mas seu momento decisivo foi em Enigma do Príncipe, quando recebeu do Lorde das Trevas a missão impossível de matar Dumbledore. Foi nesse momento que Malfoy teve que tomar sua decisão: seguir o caminho de seu pai e tornar-se oficialmente um servo das trevas ou mudar o destino de sua família.
Por mais que Malfoy fosse um garoto asqueroso (todo fã gostaria de dar um soco nele, igual a Hermione fez…), em vários momentos, ele sentia-se incapaz de cumprir tal missão, não apenas por sua dificuldade, mas por não ter coragem de tirar uma vida, mesmo que aquilo significasse o fim da sua própria. Poucas cenas são tão simbólicas para seu arco quanto aquela em que se tranca no banheiro da Murta que Geme e chora copiosamente enquanto se olha no espelho, em uma mistura de medo e arrependimento. Naquele momento, ele sentiu as consequências dos séculos de erros de sua família lhe atingirem como um furacão. Este momento prova, sem sombra de dúvidas, que Draco possui senso moral.
Após várias tentativas fracassadas, ele enfim tem a chance que tanto ansiava: Dumbledore, fraco e desarmado diante dele, e ainda assim, não foi capaz de consumar sua missão. Isso prova com clareza que Draco pode ser um sujeito extremamente tóxico, mas definitivamente não é um assassino, como seu pai.
Fica claro ao longo da trama que Draco não compactua com a crueldade de Voldemort e tenta matar o diretor não por vontade, mas por medo, medo de que ele e sua família paguem pelo seu fracasso.
Durante a Batalha de Hogwarts, ele manteve-se distante do conflito, horrorizado com a matança liderada pelos Comensais da Morte, e relutando a ir para o lado de Voldemort, mostrando mais uma vez, ter nojo da vida que seus pais escolheram.
Ao fim de Relíquias da Morte, a família Malfoy é completamente humilhada, e Draco enfim compreende a magnitude do mal com que inconscientemente estava compactuando por meio de suas ações.
Desde então, Draco passou a lutar contra o passado sombrio de sua família, casando-se com Astória Greengrass, mesmo a contragosto de seu pai, e tendo seu único filho, Escórpio, o qual criou de forma totalmente diferente da qual ele mesmo, sem doutriná-lo com ideologias de pureza.
Futuramente, ele tornou-se mais próximo do Trio de Ouro, e seu filho, amigo do filho do meio de Harry Potter, Alvo Severo.
No conjunto da obra, Draco cometeu múltiplos erros, mas jamais cruzou a linha da qual não poderia mais voltar. A dor e a vergonha abriram seus olhos e fizeram dele um homem melhor do que seu pai jamais foi. Por isso, considero-o um babaca, e não um vilão.
Johnny Lawrence


Johnny Lawrence era realmente um vilão, ou só o garoto errado seguindo o mestre errado? Muito antes de se tornar o personagem mais querido do Myagiverso, Johnny Lawrence foi visto por boa parte dos fãs de Karatê Kid como um mero bully dos anos 1980: agressivo, burro e sem personalidade, seguindo a mesmíssima fórmula de centenas de outros filmes adolescentes anteriores e posteriores a ele. São incontáveis os atos covardes do garoto ao longo do clássico de 1984, desde ser extremamente babaca com Ally (em cenas que nos dias de hoje possivelmente resultariam em um belo e merecido cancelamento nas redes sociais…), após ela ter terminado com ele, até as constantes surras que aplicou em Daniel, usando-se de suas habilidades e tamanho para oprimir alguém mais fraco.
Porém, a série Cobra Kai explica muitíssimo bem como tais atos eram frutos da doutrina doentia da academia de John Kreese, que transformava seus alunos em verdadeiras máquinas de combate, destituindo-os de senso moral, o que explica por que Johnny e todos os seus amigos se comportavam dessa forma agressiva. John explorou a fragilidade inicial de Lawrence, moldando-o para se tornar o mesmo tipo de garoto que ele temia antes de iniciar seu treinamento. O oprimido tornou-se o opressor. Mas, será que essa maldade era vinda dele mesmo, ou moldada por uma ideologia violenta externa?
Após a derrota para Daniel no torneio e a traição de Kreese, que o abandonou ao primeiro sinal de fraqueza, a vida o atingiu como uma avalanche. Ele havia devotado sua vida ao karatê, e quando o golpe da garça de Larusso o derrubou, não derrotou apenas o lutador Johnny Lawrence, mas o homem, um homem que tinha no esporte sua razão de viver.
Empregos horríveis, namoros fracassados e uma relação horrível com seu filho, Robbie, transformaram Johnny Lawrence em um sinônimo de fracasso. E não parou por aí. Enquanto Lawrence se afundava em si mesmo, ele via Daniel, seu arqui-rival, vencer de todas as formas possíveis: lenda do karatê, rico e com uma bela família. Todo o potencial que ele sabia ter, agora era atingido por aquele que ele menos queria.
Sua vida voltou a ter propósito junto ao karatê quando reabriu o Cobra Kai e tomou Miguel Diaz como seu primeiro aluno.
Daniel Larusso voltou à sua vida, inicialmente como o rival que havia sido durante todo o tempo que se conheceram, mas, ao longo dos anos, ambos aprenderam muito um com o outro, com Lawrence tomando para si alguns princípios do Miyagi-Do e até mesmo da moral de Larusso, enquanto Daniel, que inicialmente julgava-se um ser "iluminado" (e muitíssimo irritante e arrogante em certos momentos, diga-se de passagem) que não teria nada a aprender com alguém como Johnny, descobriu estar errado, e assim, uma grande amizade se formou.
Um garoto agressivo cresceu como um homem cabeça quente, mas que aprendeu a se controlar e tornar sua raiva o combustível de algo positivo, que mudou a vida de jovens como Miguel, Tory, Falcão e tantos outros. Diaz tornou-se praticamente um filho para ele, além de lhe apresentar a Carmen Diaz, sua mãe, que se tornaria o grande amor da vida de Johnny, com quem teve seu segundo filho e se casou. Foi também o karatê que o reaproximou de Robbie, permitindo-lhes enfim ter uma relação familiar, em que o pai, vendo no filho os mesmos problemas que ele mesmo tinha na juventude, pôde ser o mentor que lhe faltou no passado.
Obviamente, ele ainda cometeu vários erros, especialmente quando a situação envolvia Kreese ou Terry Silver.
Em suma, Johnny provou ser um homem falho, como qualquer outro, que teve sua raiva inicialmente utilizada como arma por um homem realmente perverso, mas que, após muito dissabor, aprendeu a usar seus dons em nome de um propósito nobre e, apesar de personalidade forte, foi capaz de admitir seus erros, repará-los e, ainda, formar alianças que jamais imaginou formar. Por isso, é impossível julgá-lo como um vilão. Inicialmente, ele foi um babaca, mas, no final das contas, mostrou-se um mocinho (mesmo que bem às avessas…). Às vezes, o maior inimigo não é o vilão, é o garoto que ninguém ensinou a escolher o caminho certo.
Carrie, a Estranha


Para muitos, ela nem sequer é uma vilã! Carrie White, criada por Stephen King, cresceu em um lar completamente conturbado, em que sua mãe, Margaret, a isolava completamente do mundo. Sendo uma fanática religiosa, a Sra. White acreditava que os jovens eram todos degenerados e pecadores e, caso sua filha convivesse com eles, seria arrastada para o inferno. Assim, ela controlou completamente a vida de sua filha, tirando-a de várias escolas, não deixando-a ter amigos e limitando sua vida a orar, comer e dormir.
Porém, aquela criança retraída escondia um misterioso poder, ao qual ela não conseguia compreender, e muito menos controlar. Tais habilidades haviam sido herdadas de sua avó e serviram para fortalecer o controle de Margaret sobre sua filha. Tentando impedir que sua filha se tornasse um monstro, ela acabou criando um.
Uma infância completamente desconexa da realidade cobrou seu preço na adolescência. Aos 16 anos, Carrie foi completamente humilhada no vestiário de seu colégio, ao ter sua primeira menstruação, e, por não saber o que era aquilo, implorou pela ajuda de suas colegas, que a ridicularizaram.
Sua mãe havia tentado reprimir completamente a sexualidade de sua filha, e esse momento de transformação de uma menina em uma mulher a deixou completamente furiosa. O corpo de Carrie tornou-se o inimigo que sua mãe sempre tentou destruir.
Sem apoio em casa e sem apoio na escola, White isolava-se cada vez mais, e seu medo e raiva aumentaram. Porém, aquele momento fatídico não foi somente um momento de transição entre infância e adolescência, foi também o momento em que seus poderes enfim se revelaram.
A telecinese que Carrie demonstrava desde o berço se tornou mais forte, e a garota enfim foi capaz de aprender a controlá-la, ainda tendo que escondê-la de sua mãe. Foi nesse momento que surgiu Tommy Ross, o único garoto que, além de respeitá-la, demonstrou algum interesse romântico por ela, chegando a convidá-la para o baile.
Carrie e Tommy foram ao baile, e aquela foi a noite mais feliz de sua vida, em que ela enfim pôde ser livre, ser feliz. Mas suas colegas novamente estragaram tudo, sujando-a com tinta vermelha enquanto estava no palco, tornando-a mais uma vez motivo de risadas para todo o colégio. Incapaz de suportar o próprio ódio, ela matou todos os presentes no baile brutalmente, libertando todo o ódio que guardou dentro de si ao longo de toda a vida, em ondas de puro poder.
Quando sua mãe descobriu e tentou aprisioná-la em casa, Carrie usou seus poderes para o mal pela segunda vez, matando-a. Anos de abuso físico e psicológico resultaram em explosão de ódio, que pintou de vermelho a cidade de Chamberlain. Carrie foi criada para ser “pura”, mas justamente essa obsessão religiosa destruiu sua capacidade de amar e confiar, transformando seu dom em arma. Quando comparamos com os dois anteriores: Draco recebeu a missão de matar e não o fez por princípios, assim como Johnny poderia ter matado Kreese e também não seguiu seu desejo de vingança. Já Carrie olhou por tempo demais para o abismo e olhou de volta. Ela teve um instante de escolha e escolheu incendiar seu mundo.
Carrie comete atos monstruosos, é alguém que nunca aprendeu a regular emoções e, quando finalmente reage, reage com intensidade de quem nunca teve escolha. No entanto, diferente de Draco e Johnny, ela cruzou a linha e provou o gosto do sangue várias e várias vezes, cedendo ao ódio. Por isso, por mais que sua vida tenha sido tão horrível quanto qualquer outra nessa lista, e suas vítimas sejam pessoas completamente asquerosas, sua reação foi completamente injustificável, e por isso, ela é uma vilã.
Ferris Bueller


Vivido por Matthew Broderick, Ferris é o protagonista de Vivendo a Vida Adoidado (1986), um dos maiores clássicos dos anos 1980. Muitos o consideram um ícone, mas será que ele realmente é só um adolescente comum curtindo a vida ou um psicopata manipulador, que utiliza todos a sua volta como peças de um jogo? Vamos descobrir!
Logo de cara, ele finge estar doente para faltar na escola (nada que 99% das pessoas já não tenham feito…), mas, logo na sequência, manipula seu amigo Cameron, que estava realmente doente, a descumprir as ordens de seu pai e ir até sua casa buscá-lo com a Ferrari de seu pai. Logo de cara, ele se aproveita da fragilidade emocional de um amigo (que mais adiante veremos que ele enxerga como um mero vassalo) para fazer sua vontade.
Ele também o obriga a aplicar um trote no diretor de sua escola, passando-se pelo pai de sua namorada, Sloane, para que ele permita que ela saia mais cedo da aula.
Logo na sequência, quando o diretor Ed Rooney telefona para seus para informar que Ferris irá reprovar devido a suas múltiplas faltas, Bueller comete seu primeiro crime, hackeando o sistema do colégio e sumindo com suas faltas (outra coisa que não é tão incomum por aqui hahaha). Além disso, ele cria múltiplos sistemas de segurança em sua casa, para evitar que seus pais ou o diretor descubram que ele saiu de casa, mostrando uma engenhosidade absurda para fazer o que é errado. Junto a seus amigos, Ferris comete múltiplos absurdos: dirige além do limite de velocidade (e sem habilitação), come em um restaurante de luxo, humilha os funcionários e sai sem pagar e interrompe um desfile público.
Nota-se que aqui já não se trata mais de um simples adolescente cabulando aula e fazendo baderna; já se tratam de atos realmente criminosos e totalmente imorais.
Até mesmo sua namorada diz que ele está passando dos limites, apenas para ser respondida com a célebre frase: "Nunca se pode ir longe demais". Nesse momento, Ferris mostra sua natureza completamente irracional, sem medo de nenhum tipo de represália, pois, no fundo, ele sabe que nunca será pego e, mesmo se for, alguém irá pagar por ele. Para alguém que não teme nada, realmente não existem limites.
Em certo momento, a Ferrari do pai de Cameron quebra, e o garoto fica em estado catatônico devido a isso. Ferris não só não liga como ainda deixa seu amigo na beira de uma piscina, apenas para vê-lo cair nela, podendo até mesmo tê-lo matado se não fosse por Sloane. Retomando a consciência, o garoto decide voltar para casa e confessar a seu pai o que havia acontecido, algo que Bueller tenta impedir, mas acaba deixando, desde que ele não envolva seu nome. Mais uma vez, ele não demonstra empatia com o amigo, deixando-o à própria sorte.
Em seguida, ele deixa sua namorada em casa, dizendo que a ama, e logo em seguida, canta duas jovens de sua vizinhança, reforçando que, no fundo, ele não tem sentimentos por ninguém.
Sloane nada mais é que uma serva para satisfazer suas vontades, assim como Cameron.
Ele pode não ser um assassino como Carrie, um preconceituoso elitista como Draco ou um bully violento como Johnny, mas, talvez, seja o mais cruel entre todos. No caso dele, não existe abuso, má criação ou manipulação; ele simplesmente É péssimo e usa sua inteligência para humilhar, enganar e usar todos à sua volta.
Para mim, Ferris é inegavelmente um vilão, um mentiroso compulsivo, que não se importa minimamente com os sentimentos de ninguém, pelo contrário, usando-os a seu favor. O estereótipo perfeito de um psicopata, muito mais nocivo do que qualquer um dessa lista até então.
Gollum


Uma das criaturas mais atormentadas da cultura pop! Smeagol era um Stoor comum, semelhante em muito aos hobbits Frodo ou Sam, e que, assim como eles, foi seduzido pelo poder sombrio do anel.
Desde que encontrou seu "precioso" nas águas de um rio enquanto pescava, sua mente começou a ruir perante seu poder, sua vontade passou a ser dobrada pela do anel e, a cada instante, ele ansiava mais por seus prazeres, independentemente do que precisasse fazer para senti-los.
Tomado pelo egoísmo, ele assassinou seu próprio amigo, Déagol (primeiro crime), para ter o precioso somente para si. Tal crime serviu como a quebra de uma barreira em sua vida, quando decidiu abrir mão de qualquer valor moral para tornar-se uma versão bestial de si mesmo, refém de sua própria obsessão.
No entanto, sua mente ainda possuía um lado racional, mas quase totalmente sobrepujado por seu lado selvagem. Desde aquele momento, sua vontade nunca mais seria soberana sob suas ações.
Como um drogado, Smeagol reconhecia seus erros, mas era incapaz de deixá-los, pois sua dependência falava mais alto. As consequências foram além da mente e logo passaram a surgir em seu corpo e, em pouco tempo, o jovem Smeagol transformou-se no horrendo Gollum, um escárnio daquilo que havia sido um dia, um ser fadado a viver com o ódio e desprezo de toda a Terra Média.
Pelos anos seguintes, ele foi caçado, considerado uma aberração por todos os reinos. Quando o anel voltou ao seu alcance, por meio de Frodo e Sam, que tinham a missão de destruí-lo em nome de toda a Terra Média, o conflito voltou ao coração de Gollum.
Ele desejava ter o anel só para ele novamente, mas a compaixão e bondade de Frodo para com ele, como quando o chamou pelo seu antigo nome, acendeu a fagulha de bondade que ainda havia em seu âmago.
Prova disso são as constantes discussões entre suas duas "partes", em que seu lado dominado pelas trevas tenta convencê-lo a trair os hobbits, enquanto sua parte sã confia neles e quer realmente ajudá-los. Mesmo em meio a esse conflito interno, o deformado hobbit foi decisivo para Frodo e Sam em sua marcha até Mordor.
Porém, no momento derradeiro, em meio ao mar de fogo da Montanha da Perdição, Gollum selou seu destino: morrer como um servo das trevas de seu interior. Ele lutou com Frodo para impedi-lo de destruir o anel e, após arrancar o dedo do herói, ele caiu e, em uma morte carregada de simbolismos, ardeu no fogo eterno de Mordor, abraçado ao pecado que escolheu servir até seus últimos instantes de vida. Tolkien, cristão convicto e autor de Senhor dos Anéis e O Hobbit, desenvolveu o arco de Smeagol/Gollum sob um forte viés religioso: um homem comum, que se tornou lentamente escravo de um erro e, não sendo forte o suficiente para vencê-lo, acabou engolido por ele.
Em resumo, é difícil enquadrar Gollum como um vilão ou um babaca, pois, apesar de seus vários crimes e imoralidades, todos são fruto de uma fortíssima e quase invencível influência do anel (da qual nem mesmo Frodo e Gandalf puderam superar).
Por isso, o considero um caso indefinido, um verdadeiro Duas-Caras da Terra Média (referência ao Batman feita com sucesso!), pois, diferente de Johnny, Carrie, Ferris e Draco, é impossível compreender onde termina a influência sedutora do mal e onde começa o gosto de cometê-lo. Diferente deles, ele talvez nunca tenha tido uma escolha plena, desde que entrou em contato com o anel. Nos outros, há decisão; em Gollum, há condenação.
E você, concorda com os resultados? Faltou alguém? Não deixe de comentar e ficar atento às próximas publicações.
