Velha República ou Império Galáctico: qual o pior governo de Star Wars?

Em 19 ABY, o então Chanceler Supremo Palpatine proclamou a fundação do primeiro Império Galáctico, concedendo a si mesmo o título de Imperador e dando um ponto final nos mais de 25 mil anos de regime republicano. Tal ato foi apoiado por trilhões de seres de todos os cantos da galáxia, exaustos da corrupção sistêmica da Velha República. Munido da insatisfação das massas e das mentiras que ele mesmo forjou contra a Ordem Jedi, o Imperador Palpatine moldou o governo mais tirânico da história da galáxia. Nascido da carcaça putrefata da República, o Império matou, enganou e escravizou bilhões, sob o pretexto de manter a ordem e a paz. Suas políticas genocidas aterrorizaram seu povo, silenciando-o por meio do medo, mas, por outro lado, despertando a revolta em muitos, dando origem à Aliança Rebelde, a faísca capaz de iniciar o incêndio que queimou Sidious e seu Império até as cinzas. Mas, considerando os 25 anos de existência do Império e os milênios de reinado da República, qual foi o pior governo? Será que o Império foi realmente pior, ou a República pavimentou cada passo rumo à tirania?

STAR WARS

Rafael Silva

12/2/20258 min read

República vs Império

A República Galáctica foi fundada por meio de uma comunhão entre habitantes de Chandrila e Alderaan, construindo sua sede em Coruscant, onde ficaria até sua queda ao fim das Guerras Clônicas. No início, os Jedi atuavam como Chanceleres Supremos, sendo não apenas líderes religiosos e militares, como também líderes políticos. Seu poder não conhecia limites. Nomes como Fillorean, Pers'lya e Fattum estiveram entre os primeiros Chanceleres Jedi.

Desde seus primórdios, a República e seus planetas viveram em meio ao aparentemente interminável conflito entre Jedi e Sith, com os seguidores da luz não apenas comandando a chancelaria, como também todas as forças armadas da República. O Exército da Luz, responsável por travar a maioria das guerras contra os múltiplos impérios sith, era construído com recrutamentos forçados, com os Jedi passando de planeta em planeta e levando qualquer ser que fosse sensitivo para treiná-los para o conflito, de forma que não se juntassem aos Sith.

Já nesse tempo, crimes hediondos foram cometidos pelo Estado Galáctico, desde o massacre do povo Sith em Korriban, conhecido como "Holocausto Sith", até a utilização do Gerador de Massa Sombria, uma arma de destruição em massa, na atmosfera de Malachor V, exterminando TODA a população do planeta. Logo de cara, percebe-se que a República, mesmo sob comando dos "Guardiões da Paz", mostrava-se extremamente cruel com seus próprios cidadãos.

Após a queda da Irmandade da Escuridão de Lorde Kaan, o então Chanceler Supremo, Tarsus Valorum (um dos primeiros não sensitivos a assumir o cargo), com pleno apoio do Senado e da comunidade galáctica, aprovou as Reformas de Russan, dissolvendo o Exército da Luz e retirando dos Jedi qualquer tipo de poder político ou militar. Dali em diante, a Ordem serviria apenas para a manutenção da paz, e não para grandes guerras. Esse movimento demonstrou a insatisfação do povo com os conflitos ininterruptos liderados pela Ordem, o que marcou o fim da Velha República e o início da Alta República (por volta de mil anos ABY, nos Legends).

No entanto, um novo inimigo ganhava força, não um espectro da maldade como os Sith, com seus capuzes, olhos amarelos e lâminas rubras, mas um muito mais perigoso e difícil de derrotar, e que pode se mostrar de muitas formas: a corrupção, um parasita que iria devorar a República de dentro para fora, até seu fim.

Por detrás da luminosa máscara de paz, a galáxia era tomada por forças sombrias do submundo. Grupos criminosos como Sol Negro e o Cartel Hutt comandavam a Orla Exterior sem nenhum tipo de resistência, vendendo especiarias (drogas), roubando naves, realizando corridas ilegais e, o pior, lucrando com o tráfico de escravos em planetas como Tatooine. Inclusive, senadores lucravam com esse tipo de atividade, demonstrando o quão incrustado o crime estava nas esferas do poder.

Tais atividades eram conhecidas por boa parte da galáxia, mas nada era feito para pará-las. O descaso era tanto que nem mesmo os créditos republicanos tinham valor nesses planetas, demonstrando o quão distante o poder estava desses seres.

Poucas obras retratam tão bem a profundidade da corrupção e ineficiência republicana quanto Darth Plagueis, de James Luceno. Na trama, Hego Damask, o alter ego de Plagueis, se envolve com diversas camadas do submundo galáctico, desde os poderosos membros do Clã Bancário, Federação do Comércio e Empresas Damask até criminosos da "ralé", como Jabba, o Hutt. Plagueis tinha em suas mãos senadores, reis e empresários, todos conectados por interesses escusos, aos quais ele manipulou para seus próprios interesses, mostrando o quão frágil era a estrutura política da galáxia.

Foi por meio de sua manipulação que os grupos mais ricos da galáxia expandiram seus poderes sobre regiões antes desprezadas pela República, planetas que pagavam seus impostos e não recebiam nada dos políticos que deveriam lhes representar, mas que, na maior parte do tempo, apenas esbanjaram com seu dinheiro, algo que até o próprio Plagueis enojava.

Desde que os Jedi se isolaram em suas funções religiosas, a República nunca mais formou um exército próprio, deixando cada planeta à sua própria sorte. Mundos ricos como Coruscant, Munslitt, Alderaan e Corellia ostentavam riquezas e prosperidade, enquanto mundos como Tatooine eram completamente ignorados. Outros, como Naboo e Kamino, tiveram suas riquezas e conhecimentos drenados quase à força, para não se verem desconectados do comércio galáctico. Cada vez mais, o governo tirava muito mais do que provia. E foi nesse contexto que o Clã Bancário e a Federação do Comércio surgiram como única alternativa para muitos desses mundos, garantindo-lhes recursos e segurança.

Assim, o movimento Separatista nasceu, fruto da ânsia da Federação do Comércio em ganhar mais dinheiro, junto ao desejo de dezenas de mundos em se verem livres das amarras da República e enfim serem vistos por alguém.

Financiando conflitos, incitando discórdias e alimentando crises, Plagueis e seu aprendiz, Palpatine, pavimentaram o caminho para o conflito derradeiro, que traria o fim da República e da Ordem Jedi: as Guerras Clônicas. Todo o conflito visto na trilogia prequel, é o produto de milênios de descaso.

Durante os três anos de conflito, a galáxia pagou o preço pelos erros de seu governo: a falta de um exército próprio desde a Reforma de Russan deixou a República inicialmente despreparada para um conflito contra as forças aparentemente invencíveis da Aliança Separatista, forçando-os a aceitar a suspeita ajuda de Kamino com seus clones, algo que acabou sendo sua ruína. Os Jedi viram sua imagem ruir, a corrupção da República foi escancarada, e o povo perdia cada vez mais a fé em seus representantes, confiando tudo nas mãos de um único homem, o único que parecia realmente lutar por eles: Sheev Palpatine. Por isso, quando o Lorde Sith pôs em prática seu plano mestre, matando milhares de Jedi na Ordem 66 e derrubando a República, todo o Senado o aplaudiu, em uma cena simbólica, descrita por Padmé da seguinte forma em Vingança dos Sith: "E é assim que a liberdade acaba, com uma grande salva de palmas".

Existem inúmeros exemplos na vida real, da Alemanha Nazista até a Itália Fascista, de quando a fé na democracia se perde e as esperanças de todos se voltam para um "salvador" que lhes ofereça uma solução fácil para todos os seus problemas. A "ordem e paz" desses regimes sempre é feita por meio de perseguição contra determinados grupos dissidentes, manipulação intensa da mídia e uma presença constante do aparato bélico para manter o povo na coleira, usando o medo como ferramenta política. E assim, nasceu o Império. Mas será que ele conseguiu ser tão fracassado quanto a República? (teria que se esforçar muito…).

O regime ditatorial de Palpatine e Darth Vader usou-se do terror para manter mundos na linha, investindo vastos recursos em Caças Tie, Destroyers e em sua arma definitiva, a Estrela da Morte. Estética, armamento e até mesmo o som de seus motores, tudo foi construído para gerar uma atmosfera opressiva, para fazer com que cidadãos de galáxia acreditassem que nada poderia superar aquele poder.

O próprio Vader realizava assassinatos e atos terroristas de maneira arbitrária, como quando ordenou o incêndio na comunidade de agricultores de Lothal, apenas para fazê-los temer o Império. O Lorde Sith e seus soldados não hesitavam em matar e torturar opositores, chacinar cidades inteiras e até mesmo destruir planetas, em nome da "ordem".

Planetas como Kashyyyk foram invadidos e massacrados, e seus habitantes, tomados como mão de obra escrava. Nesse aspecto, o problema republicano se repete: os mundos do centro permaneciam ricos, às custas da miséria de centenas de outros.

A propaganda imperial era um dos pilares da opressão, criando narrativas mentirosas a todo o tempo para justificar a brutalidade de suas ações. Na mídia, o Império se descrevia como um símbolo de força, integridade e respeito, quando, na verdade, era uma máquina de matar. O racismo em tais anúncios era explícito, com somente humanos aparecendo não apenas neles, mas em 99% da força imperial, mostrando um desprezo claro às milhões de outras espécies que compõem a galáxia de Star Wars. Nesse aspecto, o Império é inegavelmente muito mais nojento que a Velha República.

A relação do Império com o crime era extremamente cordial. Se a República simplesmente ignorava o cartel Hutt e seus semelhantes, o Império se aproveitava deles. Darth Vader muitas vezes convocou Caçadores de Recompensa ligados ao submundo, como Boba Fett, para executar serviços sujos. Na saga "Guerra dos Caçadores de Recompensa", a Aurora Escarlate, um dos maiores grupos criminosos da galáxia, promoveu um leilão por Han Solo, e diversos oficiais imperiais se fizeram presentes, liderados por Sly Moore, a "Primeira-Dama" do Império, mostrando novamente que criminosos e autoridades viviam em perfeita harmonia, em uma guerra constante contra o povo da galáxia.

E se engana quem acha que pelo menos os funcionários do Império trabalhavam. Os Moff´s, governadores regionais nomeados por Palpatine, muitas vezes não faziam absolutamente NADA, além de usar e abusar dos créditos que recebiam. Um bom exemplo é Moff Delian Mors, governante do planeta Ryloth, que, ao invés de cumprir suas funções oficiais, cercava-se de concubinas Twi'lek e usava toneladas de especiarias, deixando seu mundo completamente desgovernado. Tal comportamento não era nada incomum, tendo em vista que os líderes imperiais eram praticamente intocáveis; eles ERAM a lei.

Por outro lado, temos aqueles que realmente levavam a doutrina imperial a sério, como o Grande Moff Tarkin, um exímio líder militar e principal responsável pela Estrela da Morte, tendo autorizado seu uso em Scariff e Alderaan, matando bilhões de pessoas (era melhor ter ficado sem trabalhar mesmo…). O número grosseiro de mortes eleva a barbárie imperial a um nível inédito, tudo em nome da obediência absoluta. Nem mesmo em manter a paz o Império obteve êxito, tendo em vista que seus incontáveis crimes, abusos e mentiras fizeram com que vários mundos e grupos se erguessem contra ele, ardendo a galáxia em uma intensa Guerra Civil desde sua fundação.

Por sorte, a Aliança Rebelde foi capaz de eliminar Palpatine e Vader, desmantelando o Império e restaurando a República, dessa vez, com a missão de honrar todos aqueles que lutaram pela liberdade, de governar para cada ser vivo da galáxia, sem diferenciar nenhum.

Como podemos ver, ambos os governos foram péssimos, mas, para clarear definitivamente o debate, vamos compará-los em tópicos específicos, analisando quem se sai pior em cada um:

Políticas: A República foi um governo corrupto e desinteressado em resolver os problemas da galáxia e, volta e meia, cometia crimes de guerra. O Império, por sua vez, tinha a morte e a opressão como principal característica, em um terrorismo estatal nunca antes visto. Aqui, o Império supera a República em brutalidade sem qualquer concorrência possível.

Economia: A República vivia em conflito com os monopólios galácticos, enquanto o Império apropriou-se de todos eles. Mesmo economicamente mais sólido, o Império manteve a mesma desigualdade entre os planetas do regime republicano; por isso, considero empate.

Exército: A República dependia de Jedi e Clones para se defender, enquanto o Império possuía uma legião de soldados leais à sua causa, moldados por meio da propaganda. Por mais incompetentes que os Stormtroopers fossem, as forças imperiais eram claramente mais bem equipadas e preparadas.

Ideologia: O Império perseguia grupos como Jedi, rebeldes e Wookies, enquanto a República, apesar de menosprezar muitos, nunca fez nada contra grupos específicos (com exceção dos Sith). Porém, é impossível superar a ideologia assassina Imperial, que leva mais um ponto, e dessa vez decisivo.

Em suma, por mais que a República seja repleta de criminosos e mentirosos e tenha sido a causadora de sua própria ruína, os atos cruéis do Império extrapolam qualquer limite. Além dos crimes incomparáveis, o Império fracassou em reparar os erros da República, sendo um sucessor tão terrível quanto seu antecessor.

Comparando com nossa realidade, a Velha República pode se comparar com muitos de nossos governos atuais, enquanto o Império, encontra seus pares nos piores regimes da história humana.

E você, prefere Império ou República? Comente!