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A Importância do Cinema Alemão Para a Cultura POP

Quando pensamos nos grandes sucessos do cinema, automaticamente nos lembramos de Hollywood e seus blockbusters, mas, nos primórdios do cinema, quem foi responsável por fundamentar as bases do futuro da sétima arte, foram os germânicos, com obras cultuadas até os dia de hoje. Antes de mais nada, devo ressaltar que TODAS as obras aqui citadas, foram produções realizadas antes de 1933, quando o partido Nazista se instaurou no poder da Alemanha e passou a praticar sua censura, forçando todos os diretores por trás destas respectivas obras, a deixarem o país. Escolhemos cuidadosamente essas obras, de forma que não haja nada que exalte a pior ideologia política já criada. Sem mais delongas, vamos para a análise.

 

Contexto da Época

O país passava pelo pior momento de sua história, após uma derrota contundente na Primeira Guerra Mundial, a Alemanha enfrentava um momento de hiperinflação e crises internas. Por outro lado, a arte estava em alta, e das chamas da guerra, surgiu um movimento que ficaria na história do cinema, o Expressionismo Alemão.

Esse expressionismo, era parte de um movimento antirrealista, que pregava uma visão de mundo completamente caótica e imaginativa, o rendeu essa período, várias das estéticas mais fantásticas do cinema clássico, que veremos mais para a frente.

O cinema mudo entrava em sua reta final, com os filmes falados e cheios de som batendo a porta ao final dos anos 1920, porém, várias das obras aqui citadas, ainda foram gravadas sem voz. Teremos ficção científica, comédias românticas, e principalmente, terror.

Essa ascensão cinematográfica no país, teve seu fim no início da década de 1930, com a censura tomando conta do país, e arte sendo tratada meramente como uma ferramenta de manipulação e opressão do estado sobre seu povo.

Agora que temos o contexto da época, partiu falar sobre algumas das obras fantásticas dessa Era de Ouro do cinema.

 

Metrópolis

A obra escolhida, Metrópolis, tem uma história bastante inusitada, tendo suas cópias quase totalmente destruídas na década de 1930, sendo algumas delas reencontradas somente nos anos 2000, na Argentina, onde foram reconstruídas. Essa destruição ocorreu por conta de pressão do estúdio, que acreditava que obra era grande demais, e cortou boa parte do seu conteúdo, com muito da trama sendo perdido pelo tempo.

A obra foi dirigida pelo brilhante Fritz Lang, um dos maiores expoentes do cinema da época, responsável também pela fantástica obra M, O Vampiro de Dusseldorf de 1931. Em Metrópolis, ele foi o pai daquela que séria a mãe do gênero de ficção científica.

A trama se passa em 2026, próximo da realidade que vivemos hoje. Na trama, a colossal cidade Metrópolis, é constituída inteiramente por arranha-céus, em um visual que serviu de referências para vários quadrinhos e filmes nos anos seguintes, inclusive a cidade Metrópolis de Superman, que também é recheada de prédios enormes e modernidade.

A obra faz uma crítica social, colocando os ricos como governantes displicentes da grande cidade, enquanto os trabalhadores que garantem o funcionamento da metrópole, são totalmente descartáveis.

O visual mais marcante, é a da robô Maschinenmensch, criada por um cientista chamado Rotwang, que criou a máquina baseada em sua esposa Hel, no intuito de substitui-la. Esse personagem é considerado um dos maiores efeitos especiais da sua época, e também serviu de base para obras futuras.

 

Nosferatu

Outra obra do expressionismo alemão, Nosferatu é uma releitura da obra ´´Drácula´´ de Bram Stoker, lançada em 1922. A trama é praticamente idêntica ao livro de Stoker, apenas alterando os nomes. Hutter (Jonathan Harker) viaja até a Transilvânia, onde conhece o conde Orlok (Drácula), que deseja comprar uma casa em Wisborg, em frente a de Hutter. O jovem corretor sofre nas mãos do vampiro milenar, até o mesmo viajar para sua nova casa, e consigo trazer uma onda sem fim de morte, ao espalhar Peste Negra pelas ruas de Wisborg.

O alvo principal de Orlok, era Ellen (Mina Murray), mulher de Hutter, que ao ser atacada pelo lorde das trevas, consegue distrai-lo por tempo suficiente, para que o monstro moribundo morra, queimado até as cinzas pelos raios solares da manhã.

Sabendo desse plágio, a mulher do escritor decidiu processar a produtora do longa (que faliu logo depois do lançamento do filme), forçando suas cópias a serem destruídas, no entanto, algumas cópias conseguiram escapar da fogueira e levaram o clássico através dos anos.

Nosferatu foi o pai do terror clássico, ajudando a dar vida aos clássicos da Universal nos anos 1930, como Drácula e Frankenstein, que tornaram o terror, algo capaz de ser consumido por toda a família, entretendo a todos durante a Grande Depressão.

Porém, nem tudo são flores. O visual do monstro interpretado por Max Shereck, é maquiado para se assemelhar aos comerciais racistas que alguns alemães promoviam para boicotar ciganos e judeus, tornando a obra, também uma fonte de reflexão quanto as condições que o país vivia na época.

 

O Gabinete do Dr. Caligari

Outro clássico dos anos 1920. O Gabinete do Doutor Caligari, trás a história do maníaco doutor e seu comparsa Cesare, ao qual utiliza como atração de circo, por ser sonâmbulo, no primeiro longa metragem de terror e suspensa da história do cinema.

Além do show, Cesare também realiza previsões do futuro, geralmente sobre quando alguém morrerá, e assim que a hora chega, o próprio realiza a execução.

Um homem chamado Francis, suspeita das reais intenções do Doutor e seu comparsa, e decide investiga-los, descobrindo a sua trama assassina. Cesare se apaixona, e tentar raptar a donzela Jane para si, mas acaba morto pela polícia, e pouco depois, as autoridades ficam cientes do experimentos doentio de seu mestre, e lhe prendem. Ao final, temos uma ambiguidade, pois vemos Francis, em um sanatório, ao lado de Jane e Cesare, nos fazendo duvidar se tudo que vimos é verdade, ou apenas algo nascido de uma mente perturbada.

Esse sucesso do expressionismo alemão, é uma obra inovadora para o terror, e conta com uma produção impecável para os padrões da época, com uma arte confusa e criativa.

A estética única, o plot twist inovador e as atuações brilhantes, fazem jus a uma das obras mais importantes do cinema.

 

M, O Vampiro de Dusseldorf

Dirigido por Fritz Lang e estrelado por Peter Lorre, o Vampiro de Dusseldorf não foi somente um dos pais do gênero de terror e suspense, como também, um dos primeiros filmes a adaptar uma história de crime real, no caso, os crimes cometidos por Peter Kuerten, que recebeu a mesma alcunha do vilão do longa ´´O Vampiro de Dusseldorf´´.

A trama narra a busca da polícia pelo assassino de crianças que se autodenomina M, enquanto a população desesperada, busca fazer justiça com as próprias mãos, contra quem quer que seja, demonstrando o poder do assassino de trazer caos e discórdia, mesmo sem estar presente.

Apesar de Lorre não ser um ator dos mais imponentes, mas seu trabalho de voz consegue torna-lo ameaçador, especialmente quando aparece somente nas sombras.

Além de uma aula de tensão, a obra levanta questionamentos morais interessantes, como, qual o tipo de justiça que um vilão como esse merece? Será que somente as punições legais seriam o suficiente para ele? Ou o povo está certo em lhe dar o que merece por conta própria? Tais questionamentos tornam a obra única, e atemporal.

 

Aurora

 Dirigido por F.W. Murnau em 1927, é um marco incontestável na história do cinema, considerado por muitos uma das obras mais sublimes da era muda e um exemplo atemporal de narrativa visual. O filme apresenta uma trama simples, mas profundamente universal, centrada em um camponês dividido entre a tentação e a redenção. Seduzido por uma mulher da cidade, ele é levado a considerar um ato terrível: o assassinato de sua esposa. No entanto, ao falhar em sua tentativa, ele embarca em uma jornada de arrependimento e reconciliação que transforma a relação do casal. Essa história, aparentemente singela, revela uma rica tapeçaria de emoções humanas, explorando a fragilidade, o amor e o desejo de redenção.

O grande trunfo de Aurora está na direção visionária de Murnau, que combina técnicas revolucionárias e uma estética visual marcante. Utilizando recursos inovadores para a época, como sobreposições de imagens, movimentos de câmera fluidos e composições expressionistas, o diretor cria uma narrativa que fala por si mesma, mesmo na ausência de diálogos. A iluminação desempenha um papel central, com luzes e sombras refletindo os estados emocionais dos personagens. O contraste entre os ambientes rurais, serenos e bucólicos, e o caos da cidade, pulsante e cheia de perigos, amplifica a tensão da história, ao mesmo tempo em que traz camadas simbólicas que enriquecem a experiência visual.


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