Por que o Ministério da Magia é o maior vilão de Harry Potter?
Por que o Ministério da Magia é o maior vilão de Harry Potter? Todos sabemos da má fama que a classe política carrega como um todo, na sociedade dos trouxas. Mas, por incrível que pareça, os bruxos possuem líderes ainda mais duvidosos que os nossos, como o excelentíssimo Ministro da Magia britânico, Cornélio Fudge, não nos permite negar. Mas, como iremos perceber hoje, o Ministério da Magia, ao longo da saga Harry Potter, foi uma instituição extremamente corrupta e ineficaz, que em muito colaborou para que Voldemort quase conseguisse tomar controle do mundo bruxo.
HARRY POTTER
Rafael Silva
12/13/20256 min read
A corrupção sistêmica: na primeira ascensão de Lorde Voldemort, que ficou historicamente conhecida como "A Primeira Guerra Bruxa", o mundo bruxo viveu um período de intenso terror. A Ministra bruxa, Millicent Bagnold, liderou a resistência contra o Lorde das Trevas e seus Comensais da Morte, atuando em conjunto com Dumbledore e a Ordem da Fênix. No entanto, ela não sabia que, dentro de seu próprio gabinete, haviam diversos servos de Voldemort, todos membros da elite da comunidade bruxa britânica.
O mais notório de todos era Lúcio Malfoy, chefe da família mais rica e preconceituosa da comunidade bruxa e uma das lideranças entre os Comensais da Morte. Sua astúcia, somada à sua fortuna, lhe permitiu ter grande influência dentro do Ministério da Magia, fazendo vultosas doações para a instituição. Os fãs mais ferrenhos devem lembrar-se de uma breve cena em Ordem da Fênix, onde Harry e Arthur Weasley veem de relance uma conversa entre o Ministro e o Sr. Malfoy. Nessas pequenas entrelinhas, a construção do poder paralelo (o dinheiro) se mostra poderosa em Harry Potter, onde subornos e fraudes são comuns.
Sua influência era tamanha que, mesmo tendo sido denunciado duas vezes como Comensal da Morte, conseguiu se livrar por meio de sua influência. Mesmo sem trabalhar diretamente no Ministério, ele exercia imenso poder dentro dele.
Augustus Rookwood, também de boa família, era um espião infiltrado no Departamento de Mistérios, ficando lá até que Igor Karkaroff o delatou em sua delação premiada (vista em Cálice de Fogo).
Walden Macnair, o carrasco responsável por executar Bicuço em Prisioneiro de Azkaban, era Executor Oficial do Ministério e, secretamente (ou nem tanto), era também um Comensal da Morte. Em geral, os chefes das famílias mais ricas do país (boa parte delas, membros dos Sagrados 28) atuavam diretamente ou manipulavam o Ministério por meio de seu dinheiro e lábia. Foi justamente por isso que Voldemort conseguiu ascender tão rapidamente. Mesmo após sua queda, muitos de seus seguidores, como o próprio Lúcio Malfoy, conseguiram escapar de Azkaban, aproveitando-se dessa corrupção. No entanto, ainda não chegamos no personagem que absolutamente simboliza o fracasso do Ministério da Magia, Cornélio Fudge.
A Segunda Guerra Bruxa: Se na Primeira Guerra Bruxa, o Ministério era cercado pela corrupção, na Segunda ele passou a ser completamente dominado por ela.
Após a queda de Voldemort, Cornélio Fudge tornou-se Ministro da Magia, fazendo o possível para apagar o período sombrio criado pelo Lorde das Trevas do imaginário popular, mesmo que, para isso, fosse necessário mentir, censurar e colocar toda a comunidade mágica em risco.
Durante o Torneio Tribruxo (Cálice de Fogo), Fudge, assim como Bartô Crouch, ignorou as diversas irregularidades quanto à participação de Harry Potter na competição. Mesmo após a morte de Crouch, que deixou todos em alerta, Cornélio simplesmente prosseguiu com o torneio, apesar das mortes e situações inexplicáveis.
Após a ressurreição de Voldemort, Fudge fez o possível e o impossível para silenciar Harry e Dumbledore, tentando impedir que a verdade chegasse aos ouvidos do grande público, temendo que isso pudesse manchar sua imagem de alguma forma. Logo de início, Fudge comete um crime, ordenando o Beijo do Dementador contra Bartô Crouch Jr. (responsável por articular o plano para o retorno do vilão), para que o fanático não revelasse o que havia realmente acontecido no Torneio Tribruxo. Além de obviamente ser um ato covarde e egoísta, que minou definitivamente a relação Dumbledore/Fudge, o Ministro literalmente MATOU um prisioneiro sem direito a julgamento. Indiretamente, Fudge não só colaborou na volta do Lorde das Trevas como também maquinou para mantê-la no sigilo.
Ao invés de alertar o público, Fudge usou-se da propaganda, especialmente por meio de veículos nada confiáveis, como o Profeta Diário de Rita Skeeter, para impôr uma sensação de falsa normalidade, enquanto não só desmentia Harry, como também, lançava falsas acusações contra Dumbledore. Alvo sempre foi próximo ao Ministério, tendo lhe sido oferecido o cargo de Ministro mais de uma vez, com ele sempre recusando-se a assumir, por medo de que o poder o corrompesse (Cornélio deveria ter pensado o mesmo…). Mas, como um bruxo poderoso e sábio, sempre esteve presente nas decisões políticas, servindo como conselheiro de vários Ministros, como o próprio Cornélio. Porém, isso serviu de arma para ele, que acusou Dumbledore de tentar usurpá-lo do cargo, primeiro por meio de calúnias, e posteriormente pela Armada de Dumbledore (que na verdade havia sido fundada por Potter).
O afastamento de Dumbledore e a entrada de Dolores Umbridge como alta-inquisidora de Hogwarts foram apenas algumas de suas artimanhas para garantir que ninguém soubesse da verdade. Além de defasar o ensino em Hogwarts e tentar avidamente expulsar Potter e prender Dumbledore, Cornélio permitiu que Voldemort e seus seguidores se fortalecessem nas sombras, reunindo-se com as criaturas consideradas "das trevas" que sempre foram renegadas por sua gestão, como os Dementadores, Gigantes e Lobisomens.
Ele tolerou que criminosos, como Lúcio Malfoy, e supremacistas puro-sangue, como Umbridge, tivessem participação ativa em eu governo, permitindo que Voldemort pusesse suas garras no Ministério, mesmo sem tê-lo assumido diretamente.
Fudge também mentiu para o Primeiro-Ministro britânico trouxa (com quem o Ministro da Magia historicamente mantém relações cordiais, para garantir a segurança de ambas as sociedades), afirmando que a situação estava sob controle, mesmo quando os Comensais da Morte começaram a cometer atentados e assassinatos no mundo dos trouxas.
As mentiras por muito tempo foram de grande utilidade, mantendo a comunidade mágica anestesiada, pelo menos até o fim de Ordem da Fênix, quando Voldemort e seus Comensais invadiram o Departamento de Mistérios diante de várias testemunhas, destruindo completamente a moral do governo.
Em suma, é possível dizer que Cornélio foi o maior responsável pela Segunda Guerra Bruxa, escondendo a verdade e não fazendo absolutamente nada para deter Voldemort, investindo seu tempo e recursos em censurar Harry e seus amigos, apenas para garantir-se no poder. Simultaneamente, cercava-se de agentes das trevas, que secretamente (ou nem tanto) trabalhavam para Voldemort.
O Ministério Fantoche: após a renúncia de Fudge, Rufus Scrimgeour assumiu o cargo, mas já era tarde demais. Scrimgeour foi morto por funcionários do Ministério, sob domínio dos Comensais da Morte. Assim, Pio Thicknesse, controlado por Voldemort com a Maldição Imperius, assumiu o Ministério e pôs diversos Comensais da Morte em cargos de chefia, além de inaugurar a Comissão de Registro dos Nascidos Trouxas, dedicada a capturar, julgar e condenar a Azkaban ou à morte mestiços e trouxas casados com bruxos. Você deve estar se perguntando: "Mas isso é um caso extraordinário!" Será?
Dolores Umbridge, Corban Yaxley, Albert Runcorn e outros funcionários já estavam no Ministério antes desse golpe, e suas opiniões contra as minorias do mundo bruxo nunca foram realmente um segredo. O governo alimentou a doença que o afetava, até que ela o devorasse por completo.
Essa realidade pode remeter a diversos regimes políticos da nossa própria realidade. Da Alemanha Nazista até a URSS Stalinista, preconceito e corrupção estavam intrinsecados no sistema por meio de seus funcionários, que precisavam apenas da legitimidade da "lei" para pôr em prática seus ideais doentios.
Apenas após a queda de Voldemort, o Ministério voltou à legalidade, sob comando de Kingsley Shacklebolt e, futuramente, de Hermione Granger. Porém, desde a Primeira Guerra Bruxa, o Ministério tornou-se refém dos sombrios e poderosos que permitiu que habitassem sua estrutura e, para manter sua imagem ilibada, não hesitou em esconder fatos, não importasse o quanto isso custasse. Esse regime elitista, propagandista e preconceituoso foi direta e indiretamente responsável por incontáveis mortes nas duas guerras bruxas. Por sorte, Harry Potter, com ajuda de Dumbledore e seus amigos, foi capaz de com coragem e esperteza, fazer o trabalho que cabia ao Ministério, enquanto o mesmo fazia de tudo para impedi-los.
E você, acha que o Ministério da Magia foi incompetente… ou foi, desde o início, o verdadeiro vilão da saga? Comente e participe do debate!


