Por que a DC é melhor que a Marvel?

DC vs Marvel, é sem dúvida uma das maiores rivalidades da cultura pop: Batman vs Homem Aranha, Liga da Justiça vs Vingadores, Darkseid vs Thanos, tantos nomes icônicos dos quadrinhos, constantemente comparados. Mas, afinal, quem realmente é a maior editora de quadrinhos? Hoje, vamos apresentar alguns argumentos, que podem conceder pontos decisivos para a DC, nesse clássico que se estende desde os anos 1930, e se faz nas mais diversas mídias, das HQs ao cinema. UTILIZE A ROLAGEM PARA LER AS INFORMAÇÕES COMPLETAS DAS TABELAS!

MARVEL E DC

Rafael Silva

10/15/202512 min read

Pioneirismo e Originalidade

A DC (originalmente chamada National Publications) iniciou sua trajetória na metade dos anos 1930. Em 1935, o Doutor Oculto chegou às bancas como o primeiro super-herói da editora, personagem que hoje é quase completamente desconhecido do grande público. Porém, em 1938 e 1939, a DC lançou simplesmente seus dois maiores ícones, Superman e Batman, que figuram até hoje entre os maiores nomes do gênero. O Homem de Aço de Jerry Siegel e Joe Schuster quebrou barreiras, tendo dezenas de milhões de unidades vendidas durante os anos da Segunda Guerra Mundial, tornando os quadrinhos uma febre não só entre as crianças, como também entre os adultos, algo vital para que essa indústria se fortalecesse entre as mais ricas do período. Batman por sua vez, surgiu com histórias mais sombrias e investigativas, mas ainda sim, mantinha a segunda posição nas vendas, e ganhou uma série ainda em 1943, ao lado de Robin, onde a Dupla Dinâmica envolvia-se na guerra interna nos EUA. Com o passar dos anos, a Detective Comics, revista de origem do Homem Morcego, tornou-se o nome da própria editora, que em 1977 foi enfim nomeada DC Comics.

Ao longo dos anos 1940, mais lendas como Flash (Jay Garrick), Arqueiro Verde e Mulher Maravilha chegaram às HQs. Flash foi um dos membros fundadores da Sociedade da Justiça, o primeiro grande grupo de heróis dos quadrinhos, formado também por Lanterna Verde, Homem-Hora, Senhor Destino, Gavião Negro e Espectro. Diana, por sua vez, foi a primeira super-heroína dos gibis, quebrando diversos estigmas sociais da época e eternizando-se como uma das maiores personagens da cultura pop.

Enquanto a DC batia recordes e moldava as bases do gênero, a Marvel (na época Timely Comics) ainda lançava histórias mornas, como as HQs de Namor e Tocha-Humana em 1939, heróis ainda hoje, sem grande importância, e bastante escanteados em relação aos grandes nomes da DC. O primeiro grande nome, foi o Capitão América, nascido em 1941, como uma poderosa propaganda militar. 

Assim, a DC dominou os gráficos de vendas até os anos 1990, em que, mesmo sendo ultrapassada pela rival, quase acabou por comprá-la, tendo em vista o marasmo econômico que vivia a Casa das Ideias. Isso comprova a DC como uma editora mais consistente e pioneira, cujos ícones são mais adaptáveis ao longo das eras, mesmo que, por vezes, sejam obrigados a adaptar-se.

Esse início completamente desigual levou a outro trunfo da DC: A originalidade. Quantos heróis e vilões a Marvel praticamente plagiou da rival: Robin e Bucky, Flash e Mercúrio, Darkseid e Thanos, Batman e Cavaleiro da Lua, Lanterna Verde e Nova… Alguns desses casos surpreendem por não ter terminado em nenhuma ação judicial. Assim, conclui-se que a DC, além de ter sido mais relevante para a consolidação do gênero, também é a casa das histórias e personagens que não apenas escreveram a história do gênero, como também serviram de base para criações da própria Marvel.


História nos Quadrinhos

Como já vimos, em questão de vendas, a DC dominou por mais de 5 décadas. Mas, indo além dos números, vamos para algo mais artístico. Apenas com Batman, é possível listar várias HQs incríveis como: Ano Um, Asilo Arkham, Piada Mortal, Cavaleiro das Trevas, Longo Dia das Bruxas, O Que Aconteceu com o Cavaleiro das Trevas, Guerra ao Crime e tantas outras. Diversos quadrinhos reconhecidos e premiados, escritos por lendas como Frank Miller, Alan Moore e Neil Gaiman. E aqui não falamos somente de qualidade e nem mesmo de dinheiro, e sim de histórias que modificaram o panorama dos quadrinhos como um todo. Cavaleiro das Trevas e Ano Um deram a tônica para uma era de maior seriedade e realismo nos quadrinhos, algo que passou a ser regra. Piada Mortal ajudou a popularizar as graphic novels mais gráficas e densas psicologicamente. Os sucessos da DC não influenciaram apenas ela, mas mudaram a forma de fazer quadrinhos.

Mas nem só de Batman se faz a DC. Clássicos como Watchmen, Reino do Amanhã e Sandman redefiniram completamente o gênero de herói, seja desconstruindo diretamente seus grandes ícones, seja desconstruindo os arquétipos que os moldaram, renovando o gênero como um todo, na transição entre Era de Prata e Era de Bronze. Em contrapartida, HQs como Superman Contra a Elite, Justiça e Paz na Terra servem como um saudosismo nostálgico à Era de Ouro dos heróis, com sua moralidade incorruptível voltada à cena.

Em geral, a DC vendeu mais, definiu os padrões e os redefiniu quando necessário. Obviamente, a Marvel também participou ativamente das transformações nas HQs, como a própria concepção de heróis como Homem-Aranha e os X-Men indica, indo totalmente de encontro aos padrões vigentes e trazendo histórias mais políticas e críticas. Anti-heróis como o Justiceiro, também renovaram o gênero de heróis, dando mais camadas de complexidade a ele, em mais uma empreitada da Marvel.

A Casa das Ideias possui diversos clássicos como: Guerra Infinita, Saga Fênix, A Última Caçada de Kraven, Marvels, Guerra Civil, Guerras Secretas e muitos outros, mas não se compara à sua rival, na quantidade de clássicos e em sua influência. Para comprovar, vamos deixar abaixo não só histórico de vendas das duas empresas, como também premiações destinadas a seus principais clássicos.


Agora, vamos às principais premiações de ambas as editoras: (Eisner, Hugo, Harvey, World Fantasy, etc.)


Ícones

Aqui a coisa vai para um campo mais subjetivo. Batman e Superman são considerados os dois maiores ícones da editora e, juntos, são os dois personagens com maior número de produtos vendidos do universo DC/Marvel. A dupla também conta com dezenas de filmes e séries em múltiplas mídias e está, sem dúvida, entre os maiores ícones da ficção. A Mulher-Maravilha possui também imensa relevância, não somente como personagem, mas como símbolo político. O Coringa, mesmo tendo nascido como um vilão para Batman, tornou-se quase tão icônico quanto o Cavaleiro das Trevas, chegando ao status de um dos maiores personagens da cultura pop, centro de diversos debates na sociedade real. A Marvel, obviamente, possui diversos personagens lendários, do Homem-Aranha até o Homem de Ferro, muitos deles extremamente fortalecidos graças ao UCM, que levou a editora a um nível de capilaridade nunca antes visto, tornando os heróis uma febre em praticamente todas as camadas de público. O Homem-Aranha, por sua vez, está na terceira posição entre os heróis mais vendidos da história, mesmo tendo surgido apenas nos anos 1960. Nos anos 1990, o herói dominou o topo das vendas e também de pesquisas, sendo extremamente consumido em todo o mundo. O Amigão da Vizinhança, em sua extrema humanidade e proximidade ao público, torna-se um herói atemporal, que, independentemente da época, permanece atual e pertinente. Capitão América, Homem de Ferro, Wolverine, Thor e Hulk sempre estiveram presentes entre os grandes heróis dos quadrinhos, mas foram extremamente fortalecidos pelo cinema, um feito consideravelmente recente. A Marvel garantiu um panteão muitíssimo mais amplo de heróis reconhecíveis, devido ao império cinematográfico que conquistou. Por outro lado, a DC baseia-se principalmente em seus maiores heróis, que mantiveram a empresa viva, mesmo em tempos de crise. O tamanho dos ícones da DC se estende até além da ficção, com Batman sendo o único personagem fictício a ter seu nome na Calçada da Fama, e a morte de Superman nos quadrinhos sendo noticiada até mesmo no New York Times. Então, graças a seus maiores nomes, a DC conquistou uma presença cultural superior, que a manteve viva, mesmo em tempos de baixa. Mas, em questão de variedade de bons personagens, pessoalmente, creio que a Marvel tenha feito um melhor trabalho.


Games/Séries

Games: Aqui a diferença é enorme. A DC dominou o cenário dos games de super-herói desde o início dos anos 1980/1990, com jogos marcantes como Batman Returns de NES e o tenebroso Superman 64, considerado um dos piores jogos de todos os tempos. A Marvel, por sua vez, teve melhor sorte, com o clássico Marvel vs. Capcom chegando aos fliperamas em 1999 e tornando-se um dos crossovers mais incríveis do mundo dos games. Com a chegada dos anos 2000, o jogo virou. A saga Arkham teve início em 2009, com Batman: Arkham Asylum, dando origem a outros três jogos, todos premiados, com Arkham City, sendo eleito o jogo do ano de 2011. A jogabilidade inovadora, mapas enormes e história cinematográfica tornaram os games do Morcegão referência para todos os outros. Injustice 1 e 2 apenas fortaleceram esse domínio DCnauta, em uma parceria de extremo sucesso com a Netherrealm, a mesma produtora de Mortal Kombat. Para os pequenos (e muitos adultos), a saga Lego Batman revolucionou o mundo dos games infantis, com Lego Batman 1, sendo até hoje um dos mais bem avaliados dessa enorme saga, ostentando gloriosos 81% de aprovação no Metacritic.

A concorrência investiu em jogos de filme, com Capitão América e Wolverine recebendo seus jogos entre 2000 e 2012. Porém, nenhum deles realmente vingou. Pode-se dizer que o início da ascensão da Casa das Ideias nos videogames foi por meio de Lego Marvel Super Heroes, considerado por muitos como o melhor game Lego já feito, com uma aprovação de 81% no Metacritic. Porém, a saga foi se enfraquecendo ao longo das continuações. A segunda chance da Marvel veio por meio dos games do Homem-Aranha, com tanto o primeiro game quanto sua sequência com Miles Morales, sendo estrondosos sucessos, seguindo em muitos aspectos o padrão definido pelos games Arkham. No entanto, Spiderman 2, de 2023, acumulou muitas críticas, apesar dos mais de 90% de aprovação no Metacritic. Em suma, a DC possui franquias mais consolidadas e pioneiras, que serviram de base para as produções da Marvel.


Resumo comparativo:

  • 🎮 Média geral DC: 82,1

  • 🎮 Média geral Marvel: 81,8

  • 🥇 Melhor nota geral: Batman: Arkham City (94)

  • 🕹️ Maior sucesso recente: Marvel’s Spider-Man 2 (90)

Séries e Animações: Foi ela quem iniciou a transição dos heróis das páginas para as telas, com a nostálgica série animada de Superman, produzida pelos estúdios Fleischer em 1940, sendo o início de tudo isso. Nos anos seguintes, a DC produziu seriados mais extensos, como as Novas Aventuras de Batman, Superman e a famosa galhofice: Superamigos. Nos anos 1990, a DC viveu seu auge no campo, com as séries animadas de Batman e Superman, consideradas as melhores de todos os tempos. Apenas Batman: Animated Series faturou 6 prêmios Emmy. Nos anos 2000, Liga da Justiça: Sem Limites, colocou em tela uma verdadeira legião de heróis e vilões, trazendo a mitologia de anos do universo DC, em uma das animações mais perfeitas de todos os tempos, que marcou a infância de milhões nos EUA e no mundo.

As adaptações de quadrinhos também foram bem-sucedidas, com Superman Contra a Elite, Batman Contra o Capuz Vermelho, Flashpoint, Inimigos Públicos e tantas outras histórias espetacularmente adaptadas para as telas, trazendo os maiores clássicos da editora a um público muito mais amplo. No campo do live-action, a DC também abriu os trabalhos, com Batman e Robin surgindo em episódios semanais nos cinemas estadunidenses, ainda em 1943. Superman chegou em 1949, com Kirk Allyn. Nos anos 1950, George Reeves assumiria o manto, e, apesar das polêmicas que o cercavam, garantiu o Superman como nome forte dos super-heróis na TV americana. Em 1966, Batman retornou com Adam West, dando início à primeira Batmania, construída por meio da atuação quase paródica de West.

Em tempos modernos, séries como Flash, Supergirl e Arrow não só tiveram um ótimo início, como promoveram um universo compartilhado extremamente coeso. Porém, o excesso de temporadas tornou a maioria delas muito maçantes e prejudicou sua produção.

Já a casa dos Vingadores teve um início mais discreto nas animações, abrindo os trabalhos somente nos anos 1960, com relíquias como Marvel Super Heroes e Spider-Man (1967). Curiosamente, a musiquinha tão conhecida do Cabeça de Teia surgiu justamente nessa primeira série. O nível das produções cresceu grandemente em 1990, com a saudosa série dos X-Men (1992), que fez a alegria do almoço de tantas crianças aqui no Brasil. Em 1994, o Homem-Aranha voltou à TV, diretamente pelas mãos de Stan Lee e Steve Ditko, seus criadores. Porém, apesar das boas séries, a Marvel jamais se destacou em filmes animados, com uma das poucas menções constantes sendo a brutal animação Wolverine vs. Hulk, que traz um duelo selvagem entre os dois brutamontes, baseado em seu primeiro encontro nas HQs. O filme em questão foi lançado em 2009. Com o Disney Plus, a Marvel tenta, aos trancos e barrancos, consolidar-se no ramo, mas fracassos como What If mostram que o caminho não será fácil. No entanto, X-Me 97, fez história, e se tornou uma das produções mais impecáveis da Marvel nos últimos anos. 

No passado, a Casa das Ideias possuía apenas produções questionáveis, desde relíquias esquecidas como a bizarra série do Capitão América nos anos 1940 até as tosquices de Hulk e do Homem-Aranha japonês nos anos 1970 e 1980. Com o início do UCM, a Marvel lançou diversas séries para compor esse gigantesco universo. Tivemos boas séries, como Demolidor, que é sem dúvida uma das melhores coisas já feitas pela Marvel em live-action. Loki e WandaVision, apesar de dividirem opiniões, caíram nas graças da maioria dos fãs, já na era Disney Plus. Porém, é inegável que a DC possui uma maior quantidade de clássicos, e maioria deles, mais reconhecidos e premiados. 


Filmes

Aqui a polêmica é grande. A Marvel construiu um verdadeiro império cinematográfico, com dezenas de filmes, bilhões de dólares movimentados e uma influência na cultura pop que ficará marcada por anos. Mas os fãs de curto prazo podem não se lembrar do passado… obscuro da editora. Quem se lembra, por exemplo, do saudoso Capitão América de 1990? Ou do Julgamento do Incrível Hulk de 1989? Ou talvez do Doutor Estranho de 1978? Na época em que a Marvel não tinha um projeto pré-definido e lançava filmes aleatoriamente, os resultados muitas vezes eram desastrosos. E o que DC fazia nessa época? É simples: mudava completamente a história dos super-heróis. Em 1978, Superman: O Filme consagrava-se como uma das maiores bilheterias da década, com um marketing brutal, consolidando Superman como um dos maiores ícones do cinema, na face de Christopher Reeve. Em 1989, foi a vez de Batman, que, com direção de Tim Burton, alcançou incríveis 411 milhões de dólares, que, nos valores de hoje, passariam de 1 bilhão. A DC também tinha suas tosqueiras, como Aço, Batman e Robin, Supergirl e Superman IV, mas a quantidade era bem menor do que os filmes praticamente amadores da concorrência.

A coisa começou a mudar nos anos 2000, com a trilogia de Sam Raimi do Homem-Aranha e a trilogia de Christopher Nolan do Batman, elevando os maiores nomes de ambas as empresas ao seu apogeu. A trilogia de Raimi foi mais rentável, mesmo que apenas a saga de Nolan tenha ultrapassado a linha do bilhão (duas vezes), mas, nas premiações, a DC nadou de braçada.

Com o início do UCM, a Marvel explorou ao limite sua fórmula, combinando-a com uma maravilhosa construção de universo, que, aproveitando-se da desorganização absoluta do DCEU, nadou de braçada por mais de uma década, com bilheteiras estratosféricas, apesar de um tanto subestimadas nas premiações. Em geral, a Marvel se organizou e superou a concorrência na atualidade, mas passou mais tempo à sua sombra do que acima dela e possui pontos baixos, MUITO, MAS MUITO mais baixos.

A título de curiosidade, observem a relação de filmes e prêmios entre DC e Marvel, e uma diferença ficará clara: A Marvel faz dinheiro, a DC faz cinema:


Filmes lançados pela Marvel: 88, desde 1944

Filmes Lançados pela DC: 203, desde 1950. 

Apesar de ter em seu favor, um número muito mais de filmes, a DC mantém uma vantagem considerável em questão de premiações em relação a Marvel, por mais que tenha vivido anos sombrios nos últimos anos.

Conclusão

Em suma, ambas são maravilhosas, com histórias e personagens que fazem nossa alegria como fãs de cultura pop. Mas a DC, pelo menos para mim, com base nos fatos apresentados, é mais grandiosa para o gênero do que sua rival, com mais influência histórica, originalidade, ícones mais eternos, mais qualidade nas produções multimídia, e por isso, a melhor editora de HQs de super-herói. Obviamente, existem argumentos que possam ser usados em prol da Marvel e que podem vir a ser assunto de uma próxima publicação… E você, prefere Marvel ou DC? Não deixe de dar sua opinião e siga atento às próximas publicações.