OS VERDADEIROS ´´CRIADORES´´ DOS SUPER-HERÓIS

Batman foi criado por Bob Kane e Bill Finger, Superman, por Jerry Siegel e Joe Shuster, e o Homem-Aranha, por Stan Lee e Steve Ditko. Todos eles foram responsáveis por criar os visuais, os nomes e os pilares principais. Mas, o quanto será que esses personagens mudaram, da sua concepção, até os dias de hoje? Ao longo das décadas, esses personagens foram modificados por diversos autores, que moldaram a visão que temos hoje. Aqui, vamos listar os escritores e desenhistas que praticamente 'criaram' os maiores heróis da ficção, tamanho brilhantismo de suas ideias.

MARVEL E DC

Rafael Silva

10/22/202516 min read

Batman- Frank Miller

Batman foi criado por Bob Kane e Bill Finger em 1939. Finger foi responsável por considerável parte dos elementos visuais, narrativos e alguns personagens secundários do universo do Homem-Morcego.

Com o passar das décadas, nomes gigantes dos quadrinhos já passaram pela Detective Comics e Batman Comics.

Durante as décadas de censura promovidas após a aberração chamada de "Sedução do Inocente", por Frederic Wertham, os quadrinhos afundaram em tramas rasas e infantis. Batman, antes um detetive sério e violento, tornou-se um palhaço, com histórias ridículas. Coringa se tornou um mero assaltante de bancos; Duas Caras foi banido dos quadrinhos por ser grotesco demais.

A série estrelada por Adam West e Burt Ward, entre 1966 e 1968, é o produto de toda essa fanfarrice. Porém, essa fase lamentável começou a cair por terra ao longo dos anos 1970, quando enfim a seriedade voltou aos quadrinhos. E o Batman tornou-se novamente um justiceiro das trevas.

O FIM DA CENSURA

Dennis O'Neil, Neal Adams, Jim Aparo, Gardner Fox, Grant Morrison e até mesmo Alan Moore já deixaram seus toques pessoais na mística do maior herói da DC, mas nenhum deles redefiniu tanto o personagem quanto Frank Miller.

Na década de 1980, o Batman ascendia como o nome mais forte da DC Comics, tendo sido reformulado da caricata década de 1960 desde o princípio dos anos 1970. Nas mãos de Len Wein e John Byrne, o Cavaleiro das Trevas recebeu uma roupagem cada vez mais séria, lidando com as facetas mais corruptas de Gotham e da própria mente de Bruce Wayne. Miller, por sua vez, concebeu uma das melhores graphic novels já feitas, Cavaleiro das Trevas, em 1986.

Nessa realidade alternativa, temos um Batman envelhecido, sendo obrigado a voltar à ativa, enfrentando não só a Nova Gangue Mutante, como também velhos inimigos como Coringa e Duas Caras, e velhos amigos, como Superman. A história é bruta e crua, mostrando toda a violência e insanidade do universo do maior detetive do mundo. Até mesmo o lado ideológico do Batman é trabalhado, quando, para se contrapor ao governo, ele cria sua própria milícia para lutar contra o crime.

Com esse sucesso estrondoso, Frank recebeu carta branca para trabalhar com Batman na reformulação do universo DC. Ao lado de David Mazzucchelli, Miller deu à luz Batman: Ano Um, a origem definitiva do herói. A trama trabalha o primeiro ano de Batman e Jim Gordon em Gotham City, demonstrando suas dificuldades em enfrentar a corrupção que infesta até as entranhas daquela cidade perdida. Essa tônica sombria, realista e emocional se tornou marca registrada do herói nos anos que se seguiram. Frank Miller consolidou as trevas ao Batman, junto com uma profundidade em suas emoções que nunca havia tido antes.

O traje cinza e preto. O trauma com os morcegos. A violência e a frieza. A relação de idas e vindas com Gordon, Dent e Mulher-Gato. Todos esses aspectos foram trazidos à tona por Frank.

Foi graças a Miller que tivemos ainda muitos outros sucessos nessa linha "dark", como Piada Mortal, Asilo Arkham e Morte em Família, e até mesmo o filme de Tim Burton, que consolidaram os anos 80 como "a Década do Morcego".

Demolidor- Frank Miller

Miller de novo? Mas com certeza! O Demolidor foi desenvolvido por Bill Everett e Stan Lee, que logo de cara já definiram muitas coisas sobre o herói. Seus poderes, seu amigo Foggy Nelson, sua amada Karen Page, sua motivação a partir da morte de seu pai, Jack Murdock, tudo isso já foi dado a nós logo na primeira edição.

Porém, o Homem Sem Medo nunca foi um herói muito popular, chegando perto do cancelamento diversas vezes. Em 1979, as vendas estavam mais baixas do que nunca, quando a Marvel voltou-se para Frank Miller, que inicialmente apenas desenhava as histórias.

Miller trabalhou ao lado do roteirista Roger McKenzie. Sua arte impactante, inicialmente, já aumentou as vendas, salvando a revista da degola.

O RENASCIMENTO

Especula-se que, em 1980, Miller teria pedido ao editor da revista, Jim Shooter, que demitisse McKenzie, para que Frank cuidasse tanto do roteiro quanto da arte. E assim foi feito.

A Era Miller teve início em 1980, dando vida definitivamente ao universo de Matt Murdock. Wilson Fisk, que anteriormente era apenas um gordinho chefe do crime, tornou-se o poderoso Rei do Crime, forte e manipulador, e detentor de uma rixa fervente com Murdock. A organização Tentáculo foi criada como rival do Demolidor, sendo também responsável por seu treinamento no passado. E também tivemos o nascimento de Elektra, inimiga, ao mesmo tempo que amante do Demolidor. A mesma que posteriormente seria morta pelo Mercenário, em Demolidor #181, que tornou-se uma das HQs mais icônicas do personagem.

Frank Castle, o Justiceiro, tornou-se um rival constante de Murdock, como um vigilante que não mede esforços para fazer 'justiça', indo de encontro aos ideais religiosos de Matt.

A fé e o psicológico de Matt foram aprofundados, com as HQs mostrando como a pressão do heroísmo devastava a mente do justiceiro, conflitando com seus ideais religiosos, e lhe deixando sempre no limite. Mas restava ainda a cereja do bolo.

A MELHOR HISTÓRIA

A Queda de Murdock (1986-1987), mais um sucesso da dupla Miller e Mazzucchelli, apresenta um dos arcos mais dramáticos do Homem Sem Medo. Wilson Fisk descobre que o Demolidor é o advogado Matt Murdock, que enfrenta um caos em sua vida, com a mídia e os inimigos em sua cola. Mesmo assim, ele continua sendo um herói, lutando contra Fisk. A dupla explora as emoções e fraquezas de Murdock, tornando-o um personagem complexo na Marvel.

Miller basicamente tirou o Demolidor da ruína e o elevou a um dos personagens mais amados das HQs nos anos 1980. No processo, ele literalmente criou vários dos elementos mais reconhecíveis do Homem Sem Medo, além de suas melhores HQs. Aqui, realmente não tem discussão.

Mulher Maravilha - George Pérez

William Mouton Marston desenvolveu a Mulher Maravilha em 1941, lançando-a na oitava edição da All-Star Comics. Marston foi responsável por moldar os pilares da Princesa das Amazonas, desde a origem de seu povo até sua relação com o mundo dos homens, fundada através de seu romance com Steve Trevor.

Porém, com o passar das décadas, diversos artistas e escritores puseram suas mãos na Amazona, em arcos realmente inusitados.

A FASE SEM PODERES

A fase mais notável foi a de Dennis O’Neil, iniciada em Mulher Maravilha #179, em 1968. Lá, Diana foi destituída de seus poderes para poder viver no mundo dos homens ao lado de seu amado Steve, que corria perigo. Então, ela passou a ser instruída por um velho mestre asiático chamado I-Ching, que a tornou uma artista marcial habilidosa, mesmo sem poderes. Dali em diante, as tramas da Mulher Maravilha pareciam mais com os filmes de James Bond do que algo de super-heróis.

Esse momento único não afetou tanto as vendas, mas apunhalou uma parte importante do público da heroína, as membras do movimento feminista. A ativista Gloria Steinem afirmou que a personagem vinha sendo descartada pela DC, ao começar por destituí-la de uma semideusa para uma mera humana. Além disso, ela abriu mão de viver entre mulheres do seu povo para submeter-se ao mundo do patriarcado. Isso tudo resultou na retomada de seus poderes em 1973, em Mulher Maravilha #204.

Daí em diante, as tramas da heroína tornaram-se cada vez mais confusas, até a saga Crise nas Infinitas Terras, entre 1986 e 1987. Lá, ambas as versões de Diana (Terra 1 e Terra 2) casam-se com Steve Trevor. A versão da Terra 1 é morta pelo Antimonitor, a segunda vive em paz no Olimpo.

E enfim, após esse marasmo, tivemos a necessária reformulação do universo DC, após 40 anos de confusão. Ficou a cargo de George Pérez atualizar Diana Prince aos novos tempos. Em Wonder Woman #1, ele começa a reformular toda a mitologia das Amazonas. Elas seriam a reencarnação de mulheres assassinadas por homens, que receberam uma eternidade de paz na Ilha Paraíso, sob o comando da Rainha Hipólita.

Hipólita foi a única entre as Amazonas a morrer ainda grávida, e com isso recebeu o direito de moldar sua filha do barro, concebendo-a para ser a mais poderosa de seu povo.

A chegada de Steve Trevor à Ilha Paraíso foi uma artimanha de Ares, seu maior inimigo, para atraí-la até a guerra e desfazer a paz perpétua da Ilha. Diana partiu para o mundo dos homens como a campeã da paz entre suas irmãs. Dessa vez, ela não seria uma mera super-heroína; seria uma embaixadora da paz entre os povos do mundo na ONU, sendo quase tão simbólica quanto Superman.

A Ilha Paraíso tornou-se um centro tecnológico, onde a avançada civilização das Amazonas estaria disposta a dar seus ensinamentos ao mundo. Suas tecnologias, conhecimentos milenares, construções sociais. Em prol de toda a raça humana, sem distinções.

Após essa magnífica reconstrução, a Mulher Maravilha voltou ao status de ícone da DC Comics, estando ao lado de Batman e Superman entre os sucessos de vendas. Tornou-se líder da Liga da Justiça nas HQs, e uma das referências da equipe no desenho Liga da Justiça: Sem Limites, no início dos anos 2000.

William Marston foi inovador na concepção de sua heroína, em meio a um gênero dominado por homens. Ele ficou à frente dela por muitos anos. Mas Pérez foi responsável por transformá-la em algo muito mais complexo e adequado aos dias de hoje. Ela não seria mais um símbolo somente para as mulheres, mas um ideal de força e moralidade para toda a humanidade. Por isso, considero-o quase como um "segundo pai" para a maior heroína da DC.

Superman- John Byrne

Superman foi concebido pela dupla Jerry Siegel e Joe Shuster. Desde seus primórdios, o status de super-herói mais poderoso e símbolo máximo da classe sempre permearam o Homem de Aço. Porém, assim como Batman, foi arrasado pela censura do Comics Code.

A ERA DE PRATA

Seus níveis de poder eram exagerados, com o Escoteiro sendo capaz de destruir planetas apenas com um espirro. Seu relacionamento com Lois era um repeteco sem fim, onde ela nunca descobria sua verdadeira identidade.

O herói tinha seus dilemas, como na famosa HQ ´´Deve Haver um Superman?´´, em Superman #247. Lá, o herói é questionado pelos Guardiões do Universo sobre seus atos heroicos estarem prejudicando a evolução da humanidade como espécie. Seu papel como guia e protetor já era trabalhado com certa profundidade, em meio ao mar de tosqueiras que compunham a Era de Prata.

Ao longo dos anos 1980, a DC preparou seu reboot, que seria consolidado em Crise nas Infinitas Terras. Pelas mãos de Alan Moore, Superman recebeu sua despedida em duas edições que entraram para a história: Para o Homem Que Tem Tudo e O Que Aconteceu com o Homem de Aço?

Nessas histórias, toda a mitologia do Homem de Aço foi explorada com brilhantismo. Na primeira, temos Superman sendo manipulado por Mongul, vislumbrando uma realidade onde ele jamais deixou Krypton e viveu em meio aos seus, em imensa felicidade. Na segunda, ele enfrenta um desafio derradeiro, onde, após forjar a própria morte, decide viver sob uma nova identidade ao lado de Lois.

O REBOOT

E enfim, em 1986, o novo Universo DC deu o ar da graça. Frank Miller refez o Batman, George Pérez refez a Mulher Maravilha, e coube a John Byrne readaptar Superman aos novos tempos.

O primeiro toque de Byrne foi reduzir drasticamente os poderes do Superman. Chega de puxar o sistema solar com uma corrente! Agora, ele seria poderoso, mas não algo tão overpowered. Lex Luthor deixou de ser um cientista louco à la Victor Frankenstein e tornou-se um narcisista megalomaníaco, como conhecemos hoje. Sua rixa com o Homem de Aço não é uma simples relação de rivalidade. Luthor sente que Superman lhe tirou os holofotes. Ele tem a atenção, o fascínio e o amor de todos, mesmo sem pedir por isso, e ele, cujo ego depende disso, não recebe mais. Assim, tomou para si o objetivo de destruir Superman, para provar que pode ser melhor que o herói, não importa quantas pessoas morram para isso.

Lois Lane virou uma repórter obstinada, voltando às origens. E sua relação com Clark enfim avançou, com Superman lhe revelando sua verdadeira identidade. Nos anos seguintes, eles finalmente se casaram.

Até mesmo sua relação com Batman mudou. Nada de melhores amigos; eles eram parceiros, se admiravam mutuamente, mas suas visões completamente diferentes de mundo jamais permitiriam que ambos pudessem chamar um ao outro de amigos.

Essa repaginada foi o que permitiu que um herói "certinho", que vinha sendo deixado de lado em prol de justiceiros mais brutais, como Batman, Wolverine, Spawn ou Justiceiro, voltasse aos destaques. Em 1988, Superman foi eleito o maior herói de quadrinhos do século pela revista Time. E em 1991, a história A Morte do Superman chegou a ser notícia mundial, aparecendo em jornais sérios. Era como se um pop star da vida real tivesse morrido. As vendas se multiplicaram, atingindo 6 milhões de exemplares vendidos, tirando a DC de uma crise insistente.

John Byrne foi responsável por reconstruir o maior herói de todos os tempos, em meio a uma década que o considerava antiquado. Seu senso mais realista e emocional permitiu que Superman se adaptasse e permanecesse como o maior ícone da DC (ao lado de Batman) até os dias de hoje.

Homem Aranha- Romita/Conway

Não é segredo que Stan Lee é o grande gênio por trás do Homem-Aranha. O único com coragem de ir diante do editor Martin Goodman, da quase falida Amazing Fantasy, e dizer que um herói aracnídeo adolescente poderia mudar os rumos da revista — e fazer isso dar certo.

Lee, em parceria com Steve Ditko, mudou totalmente o gênero de heróis com Peter Parker. Um herói jovem, com problemas cotidianos, poderes exóticos e vilões icônicos. De quadrinho em quadrinho, o Aranha ia ganhando mais público, tornando-se, em pouco tempo, o herói mais popular da Marvel.

RACHA NA EQUIPE

Porém, um de muitos conflitos criativos entre a dupla causou a saída de Ditko. Steve desejava que a identidade do recém-chegado vilão Duende Verde fosse revelada como sendo Ned Leeds (que posteriormente se tornaria o Duende Macabro), e Lee sugeriu que fosse Norman Osborn. Esse último atrito foi o basta para a relação de ambos à frente do Amigão da Vizinhança.

Assim, tivemos a chegada de John Romita. Romita desenhou diversos dos combates mais icônicos entre Homem-Aranha e Duende Verde, além do momento em que Norman revelou-se para Peter.

Ele também desenhou a face de Mary Jane Watson, a mais deslumbrante entre os interesses românticos de Parker, em The Amazing Spider-Man #15.

Romita trabalhou bons anos ao lado de Lee, inclusive desenvolvendo um segundo título ao seu lado, The Spectacular Spider-Man.

O FIM DA INOCÊNCIA

Com a virada de década, o Aranha continuou fazendo história. Dessa vez, Gil Kane assumiu os desenhos, e Gerry Conway, os roteiros do herói. Em suas mãos, tivemos a morte de George Stacy, a queda de Harry Osborn nas drogas, a ida de Flash Thompson ao Vietnã e, por fim, a morte de Gwen Stacy.

Todos esses arcos reunidos simbolizaram o fim da inocência nos quadrinhos. Após 15 anos de censura, tornando as histórias totalmente rasas, enfim a Marvel devolveu a seriedade ao gênero. A luta de Peter, MJ e Gwen para livrar Harry das drogas é fascinante e dialogava diretamente com o público jovem. Flash no Vietnã serviu como crítica social e aprofundamento de personagem, mostrando que não era apenas um valentão.

As mortes de George e Gwen deram peso ao heroísmo. Peter lutava para honrar seu tio, lutava para compensar as vidas que não salvou em sua arrogância. Mas, cada vez mais, sentia essa pressão. Aqueles que amava morriam, e as pessoas, coagidas pela imprensa liderada por J. Jonah Jameson, jogavam sobre suas costas a culpa por essas mortes.

Lee definitivamente é o nome mais relevante por trás do Homem-Aranha. No entanto, John Romita foi vital para consolidar sua mitologia. Conway, por sua vez, teve ousadia para revolucionar os quadrinhos com temas humanizados e incrivelmente sombrios. Eles, sem dúvida, foram responsáveis por um imenso salto de qualidade na mitologia do maior herói da Marvel.

Wolverine- Chris Claremont

O maior dos mutantes surgiu como um mero antagonista em Hulk #180, de 1974, onde duelou com o Golias Esmeralda, em uma batalha intensa.

Apesar do pouco destaque, Wolverine teve sua segunda chance em 1975, em X-Men #1. Os problemas de relacionamento, o jeito marrento e a violência desmedida tornaram o Carcaju cada vez mais querido pelo público. Assim, ficou sob o comando de John Byrne e Chris Claremont.

CHEGADA AOS X-MEN

Logan era um mutante velho, que acabou sendo selecionado para os experimentos da Equipe Alpha (grupo de heróis canadenses), recebendo adamantium em seu esqueleto, dando origem às suas notórias garras. Porém, esse experimento corrompeu sua mente, transformando-o em uma verdadeira fera. Assim, escapou das instalações, matando todos os presentes, e se perdeu entre as florestas canadenses, até ser abrigado por um casal, que lhe ensinou novamente como se comportar como um ser humano. Logo depois, ele foi até Charles Xavier, que lhe ofereceu abrigo e orientação sobre como usar seus poderes.

Logan ganhou cada vez mais espaço na revista dos X-Men, até que em 1982 recebeu sua própria minissérie, sob comando de Claremont e desenhada por Frank Miller.

Na trama, Logan vai ao Japão confrontar Lorde Shingen, acabando por se apaixonar por sua filha, Mariko — trama que foi adaptada em Wolverine: Imortal (2013).

Esse romance quase terminou em casamento, se não fosse pela interrupção do Mestre Mental, que frustrou a união justamente na cerimônia.

A arte de Miller baseou-se em mangás, para dar ao Japão um visual único. Além disso, ele foi o responsável por dar ao mutante suas garras em formato de facas. Após esse crescente sucesso, Miller seguiu para novos títulos na Marvel, enquanto Chris Claremont prosseguiu nos roteiros de Wolverine.

CARREIRA SOLO

Dali em diante, suas histórias solo começaram a ocorrer com cada vez mais frequência, explorando a violência visceral do personagem.

Em 1988, Wolverine enfim recebeu sua própria revista, surfando nas vendas cada vez maiores das HQs dos X-Men, que alcançaram algo que até então a Marvel jamais havia conseguido: ultrapassar a DC em vendas. Por incrível que pareça, Claremont foi contra, achando que a superexposição poderia descaracterizar o personagem. Porém, Tom DeFalco, seu aliado na produção da revista na época, insistiu na ideia. E assim foi feito.

Em seu próprio título, Wolverine estava livre para embarcar em aventuras cada vez mais brutais, sem manchar a imagem dos queridinhos mutantes de Xavier.

Foi nesse período dourado que Wolverine teve diversos de seus maiores momentos. Tivemos sua revanche contra Hulk em 1988, e também a fatídica X-Men #251, onde Wolverine é pendurado em um imenso X após ser capturado pelos Carniceiros, que buscavam vingança após ele ter lhes massacrado para resgatar seus amigos em edições anteriores. Essa cena tornou-se tão icônica que foi replicada em Deadpool e Wolverine.

Ele também recebeu mais detalhes sobre seu passado, como quando lutou ao lado de Capitão América e Bucky Barnes na Segunda Guerra Mundial, adquirindo grande respeito do Super Soldado.

Apesar de ter se oposto à ideia de dar os holofotes a Logan, Chris Claremont foi responsável por lhe dar todos os principais atributos, expandir sua mitologia e moldar sua relação em equipe.

Dos anos 2000 em diante, podemos seguramente dizer que Hugh Jackman, ator de Logan em todos seus filmes solos e dos X-Men, reinventou o personagem. Sua atuação é tão impecável que muitos o reconhecem como a versão definitiva do mutante.

Hulk- Greg Pak

Hulk sempre foi um personagem muitíssimo complexo, sendo muito mais que um mero brutamontes como o MCU deu a entender. Com roteiro de Stan Lee e Jack Kirby, Hulk via a luz do dia em O Incrível Hulk 1, de 1962. Lá, Bruce Banner, o brilhante porém tímido cientista, acaba sendo atingido por uma explosão radioativa após impedir que o desavisado Rick Jones fosse morto na mesma.

Desde então, Banner foi condenado a tornar-se um monstro cinzento, sempre que a noite surgia nos céus. Esse conceito foi rapidamente retrabalhado, com sua coloração mudando para verde, e suas transformações sendo despertadas pela raiva ou medo.

O Golias Esmeralda foi inspirado em obras clássicas, como Frankenstein, de Mary Shelley, e O Médico e o Monstro, de Robert Louis. O conceito de um ser monstruoso, incompreendido pela sociedade, foi dado a Hulk por Frankenstein. Já, o lado de cientista que se torna um monstro, e vê seu mundo virar de ponta cabeça a cada transformação, veio de Médico e o Monstro. As bases do Titã já eram sólidas desde os anos 1960, com histórias cheias de ação e muito drama pessoal.

Porém, nos anos 2000, Hulk recebeu suas duas melhores histórias: Planeta Hulk e Hulk Contra o Mundo, ambas pelo mesmo autor, Greg Pak.

Planeta Hulk:

O quadrinho apresenta o Hulk, que é expulso da Terra pelos Vingadores e acaba em Sakaar, um planeta destinado à guerra. O Hulk se adapta ao ambiente e faz novos amigos, como Miek e Korg, além de encontrar seu amor, Caiera. Ele se torna líder do povo de Sakaar, derrubando o Rei Vermelho. A história, escrita por Greg Pak, explora a busca do Hulk por paz em um mundo caótico.

Hulk Contra o Mundo:

Uma HQ lendária mostra o retorno do Hulk após a destruição de sua família. Hulk e seus aliados buscam vingança e vão até a Terra, onde o Homem de Ferro e outros heróis tentam se preparar para enfrentá-lo, evacuando Nova York. Hulk, irracional e sem seu alter ego Bruce Banner, derrota Stark, She Hulk, Doutor Estranho e o Quarteto Fantástico. Os Vingadores usam Sentry, um herói igualmente incontrolável, para detê-lo. A história destaca a complexidade do Hulk, que se entrega ao ódio para evitar a dor.

Greg basicamente construiu duas das histórias mais grandiosas do Mais Forte de Todos. Em Planeta Hulk, temos ele conhecendo seu lugar, um local onde a força define a lei, e Bruce Banner é completamente aprisionado dentro de Hulk. Logo em seguida, ele perde tudo que havia conquistado, voltando à Terra para vingar-se, rendendo dezenas de lutas icônicas, explorando até os limites o seu poder e raiva.

Bom, esses foram os verdadeiros "criadores" de alguns dos maiores heróis de DC