Como o terror mudou: dos monstros clássicos ao slasher oitentista

O terror é, seguramente, um dos gêneros mais mutáveis do cinema. Dos monstros trágicos de origem literária até os imortais assassinos mascarados dos anos 1980, o horror é, acima de tudo, um reflexo das mutações sociais cada vez mais voláteis da história moderna. O terror tem a responsabilidade de responder à mesma pergunta ao longo de várias décadas: o que dá medo? Vampiros e fantasmas? Seres de outros mundos? A mente humana? Vilões imortais? É essa linha evolutiva que iremos discutir hoje!

TERROR

Rafael Silva

11/11/202515 min read

O terror está presente desde os primórdios do cinema, com o primeiro curta-metragem do gênero, chegando aos cinemas em 1896, na França. "Solar do diabo", dirigido por George Meliés, retrata um feiticeiro que, por meio de efeitos especiais pioneiros para a época, revivia os mortos, punha fogo em objetos e invocava morcegos. Obviamente, isso é quase risível nos dias de hoje, mas, na época, era algo simplesmente inimaginável.

A magia e os monstros eram extremamente populares na época, seja por meio das obras literárias, seja por meio das lendas urbanas. Por mais que as pessoas temessem essas criaturas, o fascínio por esse sentimento falava mais alto, e mesmo sendo considerado um gênero "sujo" desde o princípio, o terror rapidamente ascendeu como um dos mais populares no início da sétima arte. Nesse sentido, o cinema alemão e americano soube explorar esse fascínio do público pelo horror para iniciar um dos momentos mais nostálgicos do gênero.

Nos anos 1920, o Gabinete do Dr. Caligari e Nosferatu abriram as portas do expressionismo alemão, trazendo adaptações de obras clássicas como Drácula, com a estética lúdica e distorcida, típica do movimento. Ambas tornaram-se notórias, eternizando-se como clássicos cult. Nosferatu, mesmo tendo sido quase tirado de circulação por Florence Stoker (esposa de Bram Stoker), conseguiu marcar seu vilão como um verdadeiro ícone do horror, sendo referenciado até os dias de hoje.

Nos EUA, clássicos como "Fantasma da Ópera" adaptaram diretamente os clássicos do horror dramático, como o de Gaston Leroux. A obra dirigida por Rupert Julian foi o pontapé inicial para o primeiro império do terror nos cinemas e ponto principal da nossa análise: os monstros clássicos da Universal.

A partir de 1931, os monstros clássicos da Universal tornaram-se referência no horror, adaptando, pela primeira vez, vários dos personagens mais lendários do terror: Drácula, Frankenstein, Homem Invisível, Lobisomem e tantos outros. Em meio à Grande Depressão (1929-1945), a Universal iniciou seu "UCM dos monstros", com Drácula e Frankenstein tendo seus ingressos vendidos em sessões duplas. Com um tom grandioso e teatral (por serem os primeiros filmes falados do terror), as lendas criadas por Stoker e Mary Shelley chegaram aos olhos do grande público nas faces dos igualmente lendárias de Bela Lugosi e Boris Karloff, figurinhas carimbadas do período, e que tornaram seus personagens símbolos da cultura pop. Os visuais belos e góticos e o uso constante de medos sociais da época, como doenças, ciganos (que ainda eram extremamente perseguidos) e o sobrenatural, tornaram essa fase extremamente marcante. Na sequência, vamos conhecer um pouco mais sobre os principais clássicos da Universal Studios.

Drácula: O maior expoente dos monstros clássicos, Drácula teve seu primeiro filme lançado em 1931, sendo o terceiro filme do Universo dos Monstros e o primeiro com falas.

Vivido por Bela Lugosi, Drácula embarcou em uma história bastante semelhante à do livro original de Bram Stoker (apesar de diversos cortes). O velho conde passa a controlar o corretor Hanfield e, junto com ele, zarpa rumo à Inglaterra, onde começa a seduzir a jovem Mina Murray, enquanto faz diversas vítimas. No final do filme, Drácula é morto por Van Helsing, que atravessa uma estaca em seu peito.

Porém, muita bizarrice envolvendo o nome do rei dos vampiros ainda iria acontecer. Logo em 1936, a Universal lançou o filme "A Filha de Drácula", que se passa pouco depois do primeiro filme, com Van Helsing sendo acusado de homicídio, após matar o Conde Drácula, enquanto a condessa Marya Zaleska (filha do conde) começa um verdadeiro banho de sangue. Curiosamente, esse filme sofreu uma poderosa censura do Código Hayes (código de censura em audiovisuais nos EUA), por seu suposto subtexto lésbico envolvendo Zaleska e uma de suas vítimas. Isso comprova como, desde aquele tempo, o terror já era alvo de forte repressão, mesmo em tempos "leves". A censura nesse caso é um tanto irônica, já que o erotismo e sedução sempre estiveram presentes nas obras de Drácula, como uma analogia a civilidade artificial da Era Vitoriana.

Drácula só voltaria a aparecer em 1943, sendo vivido por Lon Chaney Jr. (famoso por seu papel como Lobisomem) e mais tarde por John Carradine. O lendário Bela Lugosi daria as caras pela última vez apenas em 1948, no filme "Abbott and Costello Meet Frankenstein", em que o personagem ressuscita sem motivo nenhum e passa a controlar Frankenstein, usando-o como seu servo. No final, o Lobisomem enfrenta Drácula, que acaba derrotado e morto pelo Homem Lobo.



Frankenstein: um dos monstros mais conhecidos de todos os tempos, saindo diretamente do conto de Mary Shelley. A criatura apareceu pela primeira vez em 1931 em "Frankenstein", por meio do lendário ator Boris Karloff, sendo criada pelo cientista louco Henry Frankenstein. Henry tinha o sonho de ter o poder de Deus, de criar vida e trazer e ressuscitar os mortos. Por isso, ao lado de seu servo Igor, Henry juntou pedaços de diversos corpos e colocou um cérebro defeituoso no corpo resultante, criando uma criatura irracional, que foi trazida à vida com energia elétrica de alguns relâmpagos. A criatura consegue escapar e espalha o terror, até ser queimada viva pelos moradores da cidade, coisa que a deixou fora de combate por um tempo.

Boris permaneceu no papel do monstro por mais dois filmes, A Noiva de Frankenstein e O Filho de Frankenstein. Bela Lugosi e Lon Chaney Jr. também fizeram o papel do monstro em sequências futuras.

O personagem foi bastante sucateado ao longo dos anos, sendo completamente secundário e sem personalidade, tendo seu desenvolvimento apenas em seus dois primeiros filmes. Em bombas como "Frankenstein conhece o Lobisomem", o personagem literalmente só aparece em ação nos últimos cinco minutos (sim, eu contei), para literalmente se matar, afogando-se na areia movediça, transformando a criatura em um simples brutamontes sem personalidade e inteligência.

Esse esvaziamento simboliza o enfraquecimento da crítica social original de Mary Shelley, substituída por um espetáculo mais físico do que filosófico.


Homem Invisível: Tirado diretamente do livro George Wells, Jack Griffin chegou aos cinemas em 1933, por meio da face enfaixada de Claude Rains, ator que foi escolhido por ter uma voz imponente, passando emoção mesmo sem mostrar seu rosto.

Jack era um cientista genial, que acaba sofrendo um acidente durante um experimento com o soro da invisibilidade, ficando invisível para sempre. Griffin passa meses buscando uma cura, mas ao perceber quanto poder essa condição lhe dava, ele se torna um verdadeiro louco, cometendo diversos crimes. No clímax do filme, o Homem Invisível acaba sendo morto por um policial, acabando com a vida difícil de Jack Griffin.

7 anos depois, em "O Retorno do Homem Invisível", o personagem assume uma nova identidade, com um homem chamado Radcliffe, recebendo o soro do próprio Dr. Griffin, a fim de escapar de uma inevitável condenação, após ser acusado de assassinato. A última aparição do vilão na era da Universal foi em 1951, na obra "Abbott and Costello Meet the Invisible Man", em uma trama bastante semelhante à do filme de 1940.

O vilão também recebeu alguns derivados, como "A Mulher Invisível".

Lobisomem: alguns acham que a primeira aparição do Homem Lobo foi em 1941 (coisa que eu também pensava até pesquisar para escrever isto). Na verdade, o personagem teve sua primeira aparição em 1935, protagonizando "O Lobisomem de Londres". Wilfred Glendon foi amaldiçoado após um ataque de lobisomem no Tibete, enquanto procurava uma flor lendária conhecida como Lupina Lumina. De volta à sua terra natal, Glendon começa a se transformar em uma criatura lobo e assassina brutalmente diversas pessoas (em cenas chocantes para a época). No final da trama, Glendon fracassa em todas as suas tentativas de controlar as transformações e termina se suicidando.

Porém, a versão que ficaria na memória de todos seria a vivida por Lon Chaney Jr. no filme "Lobisomem" de 1941. Larry Talbot acaba sendo atacado por um lobisomem em meio à mata e acaba matando a criatura com uma bengala, com o homem lobo se revelando como um cigano que Larry havia conhecido pouco antes. A partir dessa noite, Talbot começa a se transformar em um lobisomem em todas as noites de lua cheia, levando a morte para as ruas da Inglaterra. Seu pai, John Talbot, tenta de tudo para reverter a condição de seu filho, mas acaba fracassando. No final da história, Larry acaba matando sua namorada, forçando seu pai a matá-lo, com a mesma bengala que Larry usou para matar o cigano.

Fantasma da Ópera: uma das histórias mais clássicas tanto do cinema quanto da literatura. No filme "O Fantasma da Ópera", de 1925, temos o pai de Lon Chaney Jr., o lendário Lon Chaney, fazendo o papel de Erik, o Fantasma da Ópera. Erik nasceu com uma terrível deformidade, que o transformou em uma verdadeira "besta" aos olhos de seus pais. Na fase adulta, Erik começa a se esconder no subsolo da Ópera de Paris, onde começa a tocar o terror no local, chegando a causar alguns pequenos acidentes.

Uma jovem chamada Christie começa a se apresentar no local, deixando Erick completamente louco por ela, e, sabendo que não teria chance com a garota, ele a sequestra. Presa no subsolo, Christie tira a máscara do Fantasma em um momento de distração, revelando não só a sua aparência, mas principalmente a sua verdadeira personalidade, um homem violento e obcecado. A cantora consegue escapar e volta para os braços do seu namorado, deixando Erik ainda mais irritado. Por fim, a polícia invade o esconderijo do vilão, que tenta escapar, mas acaba sendo morto, afogado pela população. Essa foi a única aparição do personagem no universo compartilhado dos monstros.

Tais clássicos foram decisivos para a sobrevivência da Universal em tempos de crise e trouxeram entretenimento a milhões de pessoas, mesmo em um momento de dificuldade. Porém, o pós-Segunda Guerra Mundial mudou completamente a mentalidade de boa parte da sociedade. Após 85 milhões de mortes por mãos humanas, não eram necessários seres sobrenaturais e grotescos para causar pavor. Isso refletiu no sucesso dos monstros da Universal, que passaram a ter filmes cada vez mais amadores e mal sucedidos. Até o fim dos anos 1940, seu auge foi definitivamente encerrado. O início dos anos 1950 trouxe uma mudança de ares. A Guerra Fria dividia o mundo em dois, e a corrida tecnológica entre as superpotências EUA e URSS atiçou o interesse do público por temas como espaço e criaturas bizarras vindas da ciência. Ao mesmo tempo, o terror psicológico também ganhava força, dando o tom do horror pelos próximos 20 anos. Obviamente, os monstros clássicos não foram totalmente esquecidos. A extensa franquia de Christopher Lee como Drácula, sob comando da Hammer, e as várias e várias paródias e adaptações quase amadoras dos clássicos, mantiveram-nos vivos pelas décadas seguintes.

Encerrava-se, assim, a era dos monstros trágicos. O medo, que antes habitavam castelos e criptas, começaria a surgir agora da própria mente humana e do avanço da ciência.


Natural/Estranho

O grande expoente do "novo" terror talvez tenha sido Godzilla, de 1954. Uma mistura de terror e ficção científica, Godzilla (ou Gojira, em japonês) foi dirigido por Ishiro Honda como uma reflexão quanto ao terror atômico que o país vivia desde os ataques em Hiroshima e Nagasaki. Seus efeitos especiais são primitivos, forçando a criatura a passar quase 90% do filme submersa (ala Tubarão), o que não impede a construção da tensão ao longo da trama, até o momento do desastre. Criaturas monstruosas vindas da ciência foram um medo comum durante aqueles anos de mistério e incerteza, como podemos ver em outras obras notórias da época: A Mosca (primeira versão), A Invasão dos Invasores de Corpos e Guerra dos Mundos. Nessas obras, podemos ver os resquícios dos monstros clássicos, na questão do bizarro e estranho, porém, sem o verniz dramático, apelando para um viés mais cientificista.

Por outro lado, os anos 1950/1960 foram o lar de um dos gêneros mais amados pelos cinéfilos de plantão: o terror psicológico.

O filme mais conhecido por dar o pontapé inicial ao subgênero foi O Mensageiro do Diabo, de 1955. Dirigido por Charles Laughton, a obra retrata Harry Powell, um psicopata que seduz e mata mulheres em busca de dinheiro. Sem poderes mágicos como os monstros e sem cenas gráficas como os slashers, o terror é construído por meio do poder dos diálogos, que demonstram o cinismo e poder de persuasão do vilão, dando-lhe um ar ameaçador por meio do jogo de sombras. O longa constrói boa parte da identidade do estilo nos anos seguintes. Podemos citar outros clássicos do horror psicológico, como os Pássaros, Noite do Caçador e Um Corpo Que Cai e o Bebê de Rosemary (que bebe também da fonte do terror sobrenatural). Porém, nenhum deles marcou tanto a época quanto o clássico absoluto de Alfred Hitchcock: Psicose.

Psicose: um dos melhores filmes de suspense da história e pai do terror das duas décadas seguintes. Psicose, de 1960, carrega consigo uma imensa carga nostálgica, sendo eternamente lembrado por cenas memoráveis, como o ataque no chuveiro e desmascaramento de Norman, mas a grandiosidade da obra vai muito além de seus pontos mais marcantes.

Anthony Perkins, ator que deu vida ao icônico vilão Norman Bates, tinha status de galã em Hollywood, mas, para dar vida ao papel que lhe marcaria para sempre, praticamente abriu mão desse status, pois o terror era considerado um gênero sujo, de segunda categoria, e jamais um ator daquele calibre poderia estar em uma obra desse tipo; porém, eles não sabiam o nível da obra que estava sendo desenvolvida pelo brilhante Alfred Hitchcock.

Psicose acompanha a jovem Marion Crane, que passava por dificuldades financeiras, assim como seu namorado, Sam Loomis. Em um ato desesperado, ela rouba um cliente de sua firma, levando consigo sua mala, com mais de 40 mil dólares.

Marion foge, a adrenalina do crime estava tomando conta dela, impedindo qualquer arrependimento, mas mal ela sabia que aquilo iria custar caro demais, muito mais que míseros 40 mil.

Marion se abriga em um humilde motel de beira de estrada, coordenado pelo jovem solitário Norman Bates. Bates convida a jovem para jantar e se mostra muito estranho, especialmente em relação à sua mãe, tendo uma espécie de dependência dela. Naquela mesma noite, Marion é esfaqueada por uma figura misteriosa no chuveiro de seu quarto, tendo todos os seus vestígios apagados por Norman. Essa cena é fantástica, pois demonstra uma cena violenta de maneira que não mostra nem os ferimentos, nem a nudez, mas que ainda assim consegue ser tensa, e esconde bem a identidade do assassino, que fica subentendido ser a mãe de Bates.

Enquanto isso, Lyla Crane (irmã de Marion) e Sam saem em sua procura, assim como Arbogast, um detetive particular. O detetive chega ao Bates Motel e é morto por Norman. Apenas no fim da trama, Sam e Lyla descobrem os crimes de Bates, que se vestia como sua própria mãe para cometer os crimes, tendo uma espécie de dupla personalidade, e quando sua mãe assumia, ela destruía qualquer um que cruzasse seu caminho, especialmente mulheres, que poderiam levar seu filho para o mau caminho.

A trama é sensacional, a direção é brilhante, e as atuações são simplesmente ótimas, especialmente a de Anthony Perkins como Norman Bates. Mas algo que vai além de todas essas qualidades é a trilha sonora espetacular composta por Bernard Herrmann, que marcou a história do cinema.

Psicose representa uma conexão entre duas eras distintas do terror, sendo não só um guia do terror psicológico, como também um para os slashers oitentistas.


O terror blockbuster

Os anos 1960 trouxeram consigo a Revolução Cultural, que enfraqueceu os tabus da sétima arte; dali em diante, o terror poderia ser muitíssimo mais denso, sem medo de represálias (pelo menos não como antes). Foi nesse contexto que clássicos como Exorcista (que chegou a ser a maior bilheteria da história, com 411 milhões de dólares em 1973) e Massacre da Serra Elétrica (considerado o pai do slasher junto a Halloween) tornaram o terror algo mais cru, visceral e perturbador, ao mesmo tempo que o transformaram em um gênero forte, mercadologicamente falando. O Exorcista fez história por seus bastidores tão aterrorizantes quanto o longa em si, e sua aura perturbadora, que dessa vez não mais afastavam as pessoas, e sim as atraíam.

Alien, por sua vez, era a conexão entre o terror moderno e o sci-fi cinquentista, aproveitando o sucesso de Star Wars em unir milhões de pessoas em torno de uma aventura espacial.

O palco estava formado: o terror clássico assustador, os seres bizarros, as figuras icônicas e as histórias dramáticas. O terror pós-guerra trouxe a bizarrice e o teor psicológico. E o momento (anos 1970/1980) trazia a liberdade criativa para unir todos esses elementos, para inaugurar a fase mais icônica e pop da história do horror.

Halloween (1978) deu o tiro inicial, inaugurando os clichês que se tornaram quase um manual de regras para o slasher: quem transa morre, o assassino sempre vai sobreviver, a final girl certinha irá sobreviver. Sob esses preceitos, Sexta-Feira 13, Hora do Pesadelo, Brinquedo Assassino e tantos outros clássicos do terror nasceram. Na sequência, vamos resumir brevemente algumas dessas sagas tão populares.

Sexta-Feira 13: A mais popular entre elas. Sexta-Feira 13 nasceu em 1980, para surfar na onda de Halloween, mas acabou se tornando tão icônica quanto a franquia que lhe inspirou. Desde o primeiro filme, a fórmula da série foi a mesma: violência e sexualidade explícita. Devo dizer que não sou dos maiores admiradores desse tipo de terror, no entanto, é inegável o sucesso que a franquia fez e o quão relevante foi para o gênero.

O vilão, Jason, se tornou um dos maiores ícones da cultura pop, que mudou de visual ao longo dos filmes. Em sua primeira aparição, na obra original, temos uma versão magra e deformada do Menino do Lago, aparecendo somente na última cena. No segundo filme, em que Jason assume o cargo de vilão, deixado por sua mãe, ele utiliza um saco de batata na cabeça, posteriormente substituído pela lendária máscara de hóquei.

A saga tem seus bons filmes, como os dois primeiros e o sexto, que são simbólicos para o gênero de terror, mas bombas como Jason Vai Para o Inferno e Jason X acabam transformando a franquia praticamente em um meme.

Halloween: O pai do gênero. Halloween, criado por John Carpenter em 1978, estabeleceu não só um dos maiores vilões do cinema, Michael Myers, como também a maioria das regras do terror. Os clichês, as cenas na visão do vilão, nudez e outros fatores repentinos nesse tipo de filme deram as caras pela primeira vez nesse filme.

Halloween de 1978 foi extremamente bem recebido por público e crítica, e tinha tudo para ser uma obra ÚNICA de sucesso, mas o dinheiro fala mais alto. Logo em 1981, chegou aos cinemas Halloween 2 e, após ele, ano após ano, um novo filme surgia, um pior que o anterior. Algo curioso que ocorreu nessa saga foi a tentativa de fazer uma antologia a partir do terceiro filme, narrando uma história diferente a cada filme, algo que deu totalmente errado.

Em suma, a franquia tem um ótimo vilão, ótimos protagonistas, como Dr. Loomis e Laurie Strode, e uma atmosfera de suspense geralmente bem explorada, porém, a saturação e a mudança de estilo ao longo dos filmes acabam tirando a identidade da franquia logo no segundo filme e deixando seus roteiros cada vez mais pobres.

Hora do Pesadelo: um sopro de inovação no mar de mesmice dos anos 1980. Hora do Pesadelo, saída da mente criativa de Wes Craven, trouxe Freddy Krueger como um vilão totalmente diferente do habitual, debochado ao mesmo tempo que ameaçador, e com poderes muito criativos, uma vez que no mundo dos sonhos, Krueger é capaz de manipular tudo, quase como uma onipotência.

Os personagens têm personalidade, a exemplo de Nancy Thompson e do próprio Freddy, que trazem um tom inovador em relação aos outros terrores da década. O original de 1984 e o terceiro filme de 1987 são verdadeiras obras-primas do gênero, fazendo história tanto em crítica quanto em bilheteria.

Apesar de ter seus pontos baixos, a exemplo do péssimo remake lançado nos anos 2000 e do segundo filme, que acabou polemizando não pela sua péssima qualidade, mas pela sexualidade do ator principal, a franquia tem uma certa "estabilidade" no que se refere à qualidade.

Brinquedo Assassino: mais uma extremamente criativa. Criada por Don Mancini em 1988, a franquia Brinquedo Assassino apresentou um dos maiores e mais engraçados vilões do cinema, Chucky, o primeiro vilão brinquedo do cinema (pelo menos o primeiro relevante).

Apesar de parecer uma caricatura completa, o primeiro longa realmente se leva a sério, trazendo Andy, uma simples criança, tendo que enfrentar o espírito do assassino Charles Lee Ray, preso no corpo de um boneco da linha Good Guy, e tentando provar para todos que o boneco está possuído e cometendo crimes, enquanto todos, até mesmo sua mãe, acreditam que ele está louco.

A rivalidade entre Andy e Chucky se estende ao longo da trilogia original da franquia, e, do quarto filme em diante, o boneco assume o protagonismo, rendendo pérolas como A Noiva e o Filho de Chucky. Diferente dos anteriores, essa franquia escapa da maioria dos clichês e geralmente faz sátira deles, usando o elemento de um boneco assassino como um grande meme ao longo de todos os filmes, sendo algo mais voltado para o humor do que para o terror.

O terror slasher é o fruto de décadas de transformações dentro de um único gênero, que modificou-se para acompanhar as mudanças históricas e, mesmo sofrendo com censura, perseguições e muitas (muitas mesmo) produções ruins, sempre se manteve em alta. Ícones como Jason e Freddy, hoje, são tão famosos quanto Drácula ou Frankenstein, trazendo um terror mais jovial e cru, mas que ainda assim tem seu valor. Porém, os clássicos jamais perdem o seu valor, e os antigos monstros ainda se mantêm firmes, não só por seus simbolismos, mas pelo valor que têm nos corações daqueles que enxergam o horror como uma arte poética e dramática. E você, prefere os monstros clássicos, monstros sci-fi ou vilões slasher? Não deixe de comentar e ficar atento às próximas publicações.